Mesmo que o "Espiritismo" brasileiro tenha se transformado em uma igreja de dogmas confusos, graças a deturpação e a recusa de estudar as obras de Allan Kardec, é ainda surpreendente a guinada de "espíritas" em apoiar políticas gananciosas e altamente conservadoras.
Até porque, mesmo deturpado, o "Espiritismo" brasileiro continua a falar de caridade e demonstra simpatia com algum progressismo. Esta postura ainda atrai a simpatia de vários setores das esquerdas que se esquecem que foram traídos pelas lideranças "espíritas" que preferiram estar do lado dos direitistas que trabalham para proteger a ganância dos mais ricos.
Mas como entender o fato de que a "religião que patenteou a caridade" apoia políticas gananciosas e condena políticas altruístas? Ainda não apareceu um fato ou uma declaração que pudesse explicar esta contradição (mais uma de uma seita cheia de contradições). Mas vamos tentar entender.
Duas hipóteses podem explicar. Uma, a aliança entre lideranças "espíritas" com instituições e lideranças conservadoras, para satisfazer os interesses de quem comanda a religião. Juízes e empresários, membros das elites que detém o poder econômico, são bastante úteis para os "espíritas", principalmente para protegê-los das acusações de charlatanismo, que é crime no Brasil.
Outra, medo de concorrência com forças progressistas, que fazem uma caridade muito mais eficaz. É sabido que sem pobres e necessitados, o "Espiritismo" perde a sua razão de ser. A caridade é ótimo meio de propaganda para atrair e manter fiéis e simpatizantes no "Espiritismo" brasileiro, consagrada pelo senso comum como "a instituição que mais faz caridade", mesmo com resultados pífios, quase inexistentes. Se as desigualdades sociais acabarem, o que será do "Espiritismo" brasileiro?
A aliança com forças progressistas (de esquerda) parece não ser conveniente para os "espíritas", embora estes tenham a ganhar com isso. "Espíritas" preferem uma caridade mais paliativa, que não resolva de vez as carências e desigualdades sociais. Manter problemas é bom para "espíritas" que podem sempre contar com necessitados para aumentar o "rebanho" de fiéis e para aumentar o prestígio de uma religião que tem a caridade como sua maior e melhor "garota-propaganda".
Talvez estes dois motivos juntos justifiquem o direitismo do "Espiritismo" brasileiro, quando os "arautos da caridade" decidem apoiar a ganância capitalista para se manterem ativos e em alta, usando a religião para favorecer as suas lideranças, seja de que modo for.
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