Para muita gente, acreditar na caridade de Chico Xavier é algo bastante confortável. Símbolo máximo do deturpado "Espiritismo" brasileiro, é utilizado por muitos fanáticos como maior exemplo de filantropia, a ponto de servir para dispensar seus admiradores de praticar a caridade, a não ser nas formas paliativas vistas no mais precário assistencialismo.
Acreditar em Chico Xavier como um poderoso filantropo, mesmo sem que a sua suposta caridade tenha oferecido resultados práticos, é confortável porque cria no fiel uma ilusão de que podemos contar com alguém. Que existe um tutor a nos cuidar e resolver os problemas que - por preguiça ou incompetência - recusamos a resolver.
Na verdade, o "Espiritismo" brasileiro se tornou uma seita como outras quaisquer. Ele se caracteriza pela fé cega e como toda religião envolve culto a personalidade, tem que ter os seus "santos" para ser admirados como objeto de culto, devoção e pedidos de "socorro".
É muito triste para um fiel religioso, seja lá de qual for a religião. não ter uma divindade para ser seu objeto de adoração. Religiosos não são muito racionais e não conseguem imaginar uma natureza auto-gestora, sempre acreditando que tudo é feito por seres humanos ou por divindades antropomorfizadas.
Não teria graça para os "espíritas" cultura uma religião sem cultuar as personalidades que representam esta religião. Convencionou-se a construir o mundo espiritual com as características materiais, com direito a uma espécie de tribuna, com lideranças a decidir pelo que acontece em todo o universo.
Chico Xavier, sendo o maior "rosto" do "Espiritismo", tem esta função. Ele é o principal objeto de adoração para quem acredita no deturpado "Espiritismo" brasileiro. Para isso, ele deve se tornar uma coletânea de qualidades para justificar a sua "canonização", já que ele sempre foi consagrado como "divindade viva", tendo a obrigação de possuir todas as mais nobres qualidades humanas.
Entre essas qualidades, está o altruísmo que, no caso de Xavier, deve ser o máximo possível, mesmo que de fato não exista. A crença em si no altruísmo de Chico Xavier já traz um conforto, mesmo que os resultados não existam ou não apareçam. É uma forma de confirmar o caráter divino de Xavier, considerado por muitos como um semi-deus.
Negar a caridade da Xavier é negar o caráter de divindade atribuído a ele. Como semi-deus, ele deve ter todas as qualidades nobres que a humanidade conhece. Como é que um semi-deus, acima de todos os seres humanos, pode ser desprovido da qualidade de altruísmo?
Isso explica a necessidade de todos os admiradores de Chico Xavier acreditarem na suposta caridade máxima do "médium", mesmo sem ter oferecido o mínimo resultado prático. Mas resultados não importam. O que vale é a devoção. O que vale é ver Chico Xavier consagrado como semi-deus.
A humanidade pode continuar gananciosa, injusta e os pobres presos em sua miséria crônica. O que importa é a devoção entorpecente por Chico Xavier. Tê-lo como ídolo é muito mais importante que qualquer melhora para a humanidade. O resto? Bem, deixa pra lá!
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