Apesar de impedir de todas as formas as políticas em prol dos mais pobres, capitalistas gostam de atividades filantrópicas, desde que não tirem os pobres de sua condição. Este tipo de caridade consiste em apenas dar uma compensação para que pobres consigam sobreviver sendo pobres, sem ter que subir na vida, aceitando de forma acomodada a falta de dignidade.
Muitas campanhas filantrópicas deste tipo são organizadas por entidades ricas e por grupos religiosos. As religiões são cúmplices da ganância capitalista pois têm a função de embutir bondade e esperança em um sistema perverso que pretende dar a dignidade a poucos, jogando quem sobra a um futuro incerto e altamente arriscado.
O "Espiritismo" brasileiro, que finge seguir Kardec, mas entra em frequente contradição com o pedagogo de Lyon, se tornou uma religião como outras quaisquer. Sendo uma religião qualquer, preferiu a caridade paliativa, esta que agrada ao Capitalismo, pois não mexe nos privilégios dos ais ricos além de servir de consolo para os pobres, que continuarão pobres para o resto de suas vidas.
Para que a caridade paliativa do "Espiritismo" pudesse ser admirada, como se fosse capaz de tirar miseráveis de sua condição - o que é uma farsa - foi criado um mito poderoso na figura de um beato com problemas mentais que fingia falar com os mortos e que "seria enviado dos planos superiores para transformação de toda a humanidade". Uma conversa fiada feita apenas para lotar centros "espíritas" e vender livros.
CHICO XAVIER, REPRESENTANTE DOS CAPITALISTAS
Chico Xavier foi escolhido para esta "missão" de propagandear uma forma de caridade paliativa, mas que seria, apenas no discurso, transformadora. Graças a muitas mentiras construídas em torno do beato esquizofrênico, surgiu uma onda de fanatismo não-estereotipado (os seguidores de Xavier parecem mais discretos em sua idolatria) em torno do "médium" que acabou por canonizá-lo.
Xavier, que sempre apoiou o Capitalismo e os capitalistas (inclusive os mais corruptos), acabou sendo um importante instrumento de magnatas e autoridades brasileiras de manipulação das massas, que acabaram acreditando estar sob tutela de um homem tão bondoso, enviado pelos planos mais evoluídos do universo, controlados pelo gigante invisível que todos chamam de "Deus".
A garantia da tutela de Chico Xavier, respeitado até por quem não acredita neste gigante chamado "Deus", trouxe tranquilidade para a sociedade brasileira, que acreditava estar protegida pelo "médium". A falsa imagem de "incansável filantropo" fez a sociedade brasileira acreditar que tinha alguém zelando pela humanidade, protegendo-a da ganância capitalista.
Errado. Pois a ganância capitalista estava do lado de Chico Xavier, direitista ferrenho e amigo (e servo) das autoridades conservadoras. Chico Xavier era representante dos capitalistas, no melhor estilo "façamos a filantropia antes que os progressistas a façam", para que os mais ricos nunca perdessem os seus privilégios e seus bens nababescos.
CARIDADE FEITA PARA NÃO MUDAR
Por isso que a caridade de Chico Xavier e de "espíritas" em geral nunca conseguiu transformar a sociedade brasileira. Por isso que ao receber prêmios das mãos de autoridades, pela suposta caridade feita, "espíritas" nunca aproveitaram a oportunidade para cobrar de autoridades medidas que eliminassem a desgraça e a miséria dos mais pobres.
Aliás, o recebimento de prêmios soa muito mais como propaganda de adoração aos "médiuns" do que reconhecimento por alguma bondade supostamente feita. Com prêmios nas mãos, tem-se a prova da suposta caridade feita, o que solidifica a idolatria e o fanatismo doentio resultante desta. Afinal, se recebem prêmios, é "porque fizeram para merecê-los". Nada mais meritocrático.
A caridade "espírita" foi ineficaz porque foi feita para não mudar nada. Eliminar a miséria nunca foi a sua finalidade. A FeB e suas personalidades nunca esconderam a sua preferência pelo lado conservador capitalista. Se as religiões são instrumento do Capitalismo para perpetuar a miséria, o "Espiritismo" brasileiro, convertido em seita de fé cega, não poderia ficar de fora.
Os mais ricos tem uma gigantesca dívida de gratidão com Chico Xavier. Já os mais pobres, somente a se decepcionar e a lamentar.
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