O Espiritismo original (sem aspas), fundado pelo pedagogo Allan Kardec, surgiu como uma ciência que estudaria o mundo não-material, estados da matéria desconhecidos e estados não-físicos, além de pesquisar o mundo espiritual e suas relações com o mundo material. As citações sobre religião serviriam penas para analisar a influencia da moralidade no comportamento dos espíritos, encarnados ou não.
Ao chegar no Brasil, já devidamente deturpado por Jean Baptiste Roustaing (cuja identidade é desconhecida dos brasileiros, mas suas ideias bem conhecidas), o "Espiritismo" se converteu em uma seita religiosa de fé cega e dogmas contraditórios, rompendo totalmente com a proposta original.
Mas a ciência ainda se mostrou útil mesma para aversão deturpada, pois ela seria uma espécie de diferencial apara atrair mais público, sobretudo de um perfil mais sofisticado, que pensa que sabe mais que os outros, embora corrobore dogmas sem pé nem cabeça e negados por Kardec como as colonias espirituais e as crianças índigo, bobagens que só existem na versão brasileira.
Esta associação com a ciência é muito conveniente para o "Espiritismo" brasileiro pois serve para legitimar dogmas estranhos, colocados de forma irresponsável por lideranças fascinadas com qualquer bobagem que una racionalidade e misticismo, como as duvidosas pseudo-ciências como Ufologia, Astrologia e Homeopatia, todas presentes na forma deturpada da doutrina.
É importante lembrar que o papel da ciência no "Espiritismo" brasileiro não é o de analisar os dogmas. O papel deve ser unicamente o de assinar embaixo e atestar os dogmas para que eles pareçam "mais verdadeiros" diante dos olhos de seus seguidores.
Contestar tais dogmas é uma heresia e imediatamente "endemoniada" pelas lideranças "espíritas". O intelectual ou cientista que conseguir provar a inviabilidade de um dogma "espírita" é imediatamente acusado de estar "dominado pelas paixões terrenas" ou até mesmo de estar "obsediado" ou "em desacordo com as orientações cristãs".
Ou seja, a ciência tem o único papel de servir de uma espécie de "cartório" para os dogmas "espíritas" contraditórios entre si e não raramente absurdos, desafiando todo tipo de lógica. Mesmo sendo fáceis de serem desmontados, os dogmas "espíritas" são sacralizados dentro do meio e a "canonização" da ciência reforça ainda mais esta sacralização.
A associação com a ciência tem atraído muita gente ao "Espiritismo" brasileiro justamente por representar uma espécie de autenticação dos dogmas. Mesmo ilógicos e contraditórios, o fato de ter a "benção" da ciência passa uma ideia de verdade inquestionável, pois ninguém costuma questionar o que é confirmado por supostos cientistas e intelectuais consagrados.
Mas se analisarmos friamente, veremos que muitos seguidores estão sendo enganados, pois os dogmas não são analisados. A confirmação científica se dá de forma superficial e sem contestação, já que há uma sacralidade a ser respeitada.
A transformação do "Espiritismo" em uma religião impôs este limite de nunca desmontar dogmas. Por isso que as ideias inseridas na versão brasileira da doutrina continuam as mesmas e nunca são descartadas, acumulando no repertório dogmático e favorecendo contradições e teses duvidosas que permanecem sem quaisquer tipos de alterações.
Como veem, a ciência, quando não existe para contestar e analisar, perde sua funcionalidade e na prática, o "Espiritismo" brasileiro se torna mais uma de muitas religiões cristãs com fé cega e dogmas sem pé nem cabeça, que dormiriam tranquilas em livros de contos de fadas mas que estragam qualquer tratado cientifico.
O rompimento do "Espiritismo" brasileiro com a sua matriz francesa não foi apenas com Kardec. Foi também com a ciência e a racionalidade que a marcou. Se a ciência só existe para confirmar bobagens, ela não é ciência. É um engodo a deslumbrar ingênuos, pessoas intelectualmente limitadas que acham que sabem mais que as outras pessoas, só por seguir uma seita que finge ser diferente das outras. Lamentável!
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