Em um mundo injusto, em que os ricos se acham no direito de ter e ser mais do que os outros, é preciso legitimar a ganância para a opinião púbica, para que os ricos não sejam tratados como vilões. Além do mito da meritocracia (que alega que todos podem ser ricos, desde que trabalhem mais e guardem dinheiro), é preciso criar condições para que os pobres aceitem de forma tranquila sua condição indigna e problemática.
E clássico o fato de que as religiões sempre foram parceiras do poder, embora muita gente, sobretudo nas esquerdas (forças políticas que costumam ser altruístas), insista em ignorar este fato. Não é coincidência ver poderosos e religiosos aliados defendendo os mesmos pontos de vista. Também é nítido o fato da caridade religiosa ser bastante cuidadosa em não ferir os interesses das classes dominantes.
Apesar de serem consideradas reguladoras da moral e patenteadoras da bondade, as religiões contribuem pra que a sociedade se mantenha injusta, preservando os interesses das classes mais privilegiadas. Mas sempre mantendo a patente da bondade, para que as pessoas permaneçam reféns da fé e assim, perpetuadoras da injustiça social.
Mas como religiões perpetuam injustiças se elas são "especialistas" em altruísmo? Lembre-se da lição que diz que "quem tem que provar o tempo todo que é é porque não é". Se tem que falar o tempo todo de caridade é porque não é a favor da verdadeira caridade.
RELIGIOSIDADE FORTALECE EM SOCIEDADES INJUSTAS E PROBLEMÁTICAS
Importante iludir as pessoas para que pensem que apesar das injustiças de um mundo cruel e confuso, há sempre alguém disposto a ficar do lado dos mais humildes. O galinheiro pode ficar tranquilo. As bondosas raposas estarão dispostas a proteger as galinhas de qualquer perigo. Até elas irem para o abatedouro, por iniciativa das bondosas raposas.
Por isso que a caridade religiosa é tão precária. Primeiro porque ela não pode ameaçar os interesses da aliada classe dominante. Segundo porque ela não pode resolver problemas. Problemas existentes são a garantia de que sempre haverá pobres para lotar templos religiosos (no caso do "Espiritismo" brasileiro, os "centros") e fazer a alegria das lideranças beneficiadas pela popularidade da religião.
Há a necessidade de que haja um mundo injusto para que religiões fortaleçam. Países prósperos como a Holanda e os da Escandinávia já começam a abolir a religião. A realidade possui muito mais capacidade de melhorar as condições vida das pessoas que um bando de eres imaginários e dogmas sem pé em cabeça. Ficar de joelhos nunca fez bem a ninguém Só faz mesmo os joelhos doerem.
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