Uma das críticas que os "espíritas" mais fazem aos neo-pentecostais é a de que os pastores e palestrantes selecionam apenas os trechos da Bíblia que os interessa para ser lido. Esses "espíritas" criticaram o argueiro sem observar a trave que fecha seus lindos olhos.
"Espíritas" cometem o mesmo erro. Selecionam trechos das obras que não causem polêmicas. Sabe que uma leitura profunda de todas as obras vai desmascarar Chico Xavier, a galinha dos ovos de ouro de FeB, pois quem estuda de verdade sabe que o nível de discordância entre o beato mineiro e Allan Kardec é quase total. O que geraria dúvidas nos fiéis: em quem confiar?
Apesar de falarem ad nauseam que só existe um Espiritismo, temos no mínimo dois:
- O de Allan Kardec, científico, racional, que exige provas e aberto para novas análises e discussões; - O de Chico Xavier, igrejeiro, de fé cega, alucinado e contraditório e fechado, sem dar espaço a quaisquer tipos de contestações.
Mas fazer de conta que Chico Xavier concordava com Allan Kardec - isso quando um bando de delirantes patológicos não inventa que os dois eram um só, como a Santíssima Trindade e Amon Rá - é interessante pois ao mesmo tempo mantém o prestígio da racionalidade, mas usa a fé cega para aumentar o rebanho, já que a maioria da humanidade não é muito afeita à intelectualidade.
Por isso que é bom para lideranças e palestrantes não estimular totalmente os estudos. Estudos derrubam mitos, lendas, dogmas e falsos profetas. No culto ao evangelho, invenção brasileira que seria positiva se estimulasse um estudo sério, as lideranças recomendam a abertura ocasional de uma página aleatória do Evangelho Segundo o Espiritismo, de Kardec.
Esta medida meio sem vergonha acaba forçando a leitura apenas das páginas do centro, evitando o início (principalmente o CUEE) e o final, onde estão os pontos mais polêmicos da doutrina, que poderão desmascarar os "médiuns" brasileiros. Aliás, que tipo de estudo é este que tem que se abrir uma página aleatória e não a que corresponde ao tema que se deseja que seja discutido?
A seleção dos temas em palestras quase sempre envolvem muito mais questões morais do que científicas. Apesar dos palestrantes chamarem tais palestras de "estudos" e aleguem analisar a moral sob o ponto de vista científico, se aproveitando do escasso ou nulo conhecimento científico do público receptor.
Mas quem presta atenção no que se está dizendo percebe que não difere muito dos sermões católicos e dos cultos neo-pentecostais. Tudo para manter a fé em sua cegueira sentimental. tudo para manter os carneirinhos calados na sua, sem questionar, sem verificar e aceitando os absurdos que consagram ídolos e fazem federações e centros faturarem a grana que nunca chega de fato nas mãos dos pobres.
Como o "Espiritismo" brasileiro, do contrário do original francês, optou por ser uma religião de fé cega (com o risível nome de "fé raciocinada"), um estudo profundo de todas as obras, com direito a inúmeras verificações e comparações, iria revelar muitos erros cometidos no Brasil, prejudicando os interesses de lideranças que usam o trabalho da caridade como pretexto para ganhar muito dinheiro.
Por isso que há o empenho de lideranças e palestrantes em não estimular o estudo através da omissão - eles não condenam o estudo de forma explicita, pois iria pegar mal - para que a versão brasileira, totalmente convertida em igreja, não seja desmascarada.
E olhem que isso não conseguiu evitar a apostasia causada pela iniciativa de seguidores de estudarem as obras de Kardec, passando a perceber a incoerência em relação ao que era dito em palestras e frases prontas. O "Espiritismo" é a religião que mais perde seguidores nos últimos anos.
Mas a tentativa de evitar a apostasia escondendo dos seguidores as verdades sobre a doutrina ainda segue firme, mas não mais forte. Uma doutrina que nasceu racional na França sempre acaba cobrando, por sua natureza, a racionalidade negligenciada, por meio dos poucos racionais que se dispõe a verificar os dogmas tão divulgados.
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