Caso do estupro de menina de 10 anos: "Espiritismo" estaria do lado dos evangélicos na condenação ao aborto
Embora tratada como a religião mais moderna e progressista no Brasil, o "Espiritismo" brasileiro têm dogmas bem retrógrados, trazidos por Chico Xavier da forma medieval de Catolicismo que ele seguia. Entre tais dogmas, está a condenação irrestrita ao aborto.
Engana-se quem pensa que o "Espiritismo" brasileiro defende o aborto. Segundo Chico Xavier e os palestrantes e líderes influenciados por ele, o aborto é condenável em qualquer hipótese e nunca, mas nunca deve ser praticado. nem em caso de estupro, nem em caso de risco a gestante.
As consequências seriam postas na conta de Deus, único responsável por decidir quem vai morrer ou viver. Em caso de estupro, a vítima é sempre a culpada, seja porque "provocou sexualmente" o estuprador, seja pelo pagamento de - supostas - dívidas de vida passada, uma espécie de "versão 'espírita' " do pecado original do catolicismo medieval de Chico Xavier.
É um dogma presente no neo-pentecostalismo que foi absorvido pelo "Espiritismo" exatamente como estava, sem quaisquer alterações. Curioso que "espíritas" e "neo-pentecostais" vivem se xingando mutuamente, mas tem afinidades totais em vários dogmas e até na opção política, pois todos votaram em Bolsonaro, que tem encorajado conservadores a atacar que discorda destes.
É um fato infelizmente comprovado de que o "Espiritismo" brasileiro condena toda forma de aborto, mesmo quando ela é necessária, pois para as lideranças "espíritas", a gravidez deve ser levada adiante em qualquer situação, e as consequências são algo previsto pela "Divina Providência" e que nunca deve ser evitada ou revertida. Deus, Sanguinário Tirano do Universo, está sempre no comando.
ENTENDA O CASO
Ontem, a mando de uma jovem líder neo-nazista, uma multidão invadiu o hospital de Pernambuco onde estava internada a menina que foi estuprada no Espírito Santo pelo próprio tio. Ela teve que ser internada em outro estado, por motivos de segurança, temendo ameaças. Ela acabou por engravidar com apenas 10 anos de idade, correndo o risco de morrer.
A multidão invadiu o hospital com a intenção de sequestrá-la e impedi-la de abortar, sob argumentos religiosos de obediência ao Deus cristão. O estranho é que o mesmo grupo diz condenar o estupro, mas não se preocupou em procurar o estuprador para agredi-lo.
Felizmente outro grupo, formado pro feministas, pôs os conservadores para correr e permitiram que o aborto fosse feito. A menina passa bem, mas vai precisar de muito auxílio psicológico, pois sairá do episódio triplamente traumatizada: pelo estupor em si, pela gravidez precoce indesejada e por ser alvo de uma discórdia religiosa, já preparada para sequestrá-la, para proteger um dogma religioso.
A mídia oficial e também a alternativa trataram logo de reclamar dos neo-pentecostais, se esquecendo que o "ultramoderno" "Espiritismo" brasileiro compactua com a mesma decisão ensandecida, sem medir as consequências de uma jovem menina, que teve a infância arruinada pelo tio e pelos religiosos, todos ignorantes mais preocupados em satisfazer instintos do que respeitar uma criança.
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