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Angélica e o altruísmo que agrada às elites

Veja a cena. No último dia 27/9, uma bem nascida apresentadora de TV, mulher de Luciano Huck, um dublê de apresentador que finge ser filantropo e é um dos maiores capitalistas brasileiros, dono de inúmeras empresas, no volante de um caríssimo carro Mercedes Benz, distribui doces para crianças famintas no Morro do Alemão, no Rio de Janeiro. Detalhe: esta apresentadora apoiou o golpe, apoiou políticos desfavoráveis à inclusão social e costuma pagar empregadas até para segurar um guarda-chuva.

Para quem não raciocina direito e se comove com atitudes de falsa filantropia, deve ter achado a iniciativa um sinal de bondade da apresentadora Angélica. Não é. Ou por motivos religiosos motivados por datas específicas (no caso, o dia de Cosme e Damião, que tem tradição de distribuição de doces no dia 27/09) ou só para aparecer como "bondosa" (ricos adoram fingir de bondosos sem repartir renda), sabe-se que Angélica, apesar do nome, não é nenhum anjo.

O fato de estar casada com um dos maiores capitalistas do país, um hipócrita que finge ser caridoso em seu programa de TV para depois das câmeras desligadas atuar contra políticas de inclusão social, assumindo um direitismo ganancioso que beneficia a ele e aos seus assemelhados, magnatas como ele, tira o mérito deste altruísmo, que não só é apenas momentâneo como supérfluo. Doces não alimentam e muito menos tiram crianças da miséria.

É uma cena grotesca ver uma dondoca cheia de dinheiro, num carrão caro, com um monte de miseráveis famintos estendendo a mão desesperados por nada terem. Mas é um tipo de altruísmo que agrada às elites, pois não mexe no excessivo patrimônio dos mais ricos. É também uma forma de caridade praticada pelo "Espiritismo" brasileiro, uma religião de elite que, por isso mesmo, prefere estar do lado dos mais ricos, tratando pobres feito animais, mesmo quando quer ajudar.  A farinata de João Dória (que tem a mesma função dos doces de Angélica) não nos deixa mentir.

Não seria melhor haver políticas inclusivas, como a dos programas sociais dos adversários político-ideológicos de Huck e ver estas crianças tendo condições de não só para comprar doces com o próprio dinheiro como de ter uma vida digna, com direitos básicos (que não inclui ser donos de um carro Mercedes Benz) plenamente satisfeitos?

A caridade feita por Angélica não merece aplausos. Não traz benefícios reais a população pobre, não sendo mais que um reles "agrado" e serve mais para melhorar a imagem da apresentadora, em fase de decadência e casada com um dos homens mais gananciosos e enganadores que o Brasil já teve.

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