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Porque não é contraditório comparar Chico Xavier com Bolsonaro

Para os admiradores de Chico Xavier, a comparação feita entre ele e o candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro soa agressiva para quem acredita no estigma atribuído ao "médium" mineiro. Mas quem conhece de fato o "médium" com base no que aconteceu nos bastidores e principalmente na entrevista dada o talk show Pinga Fogo, da TV Tupi, no auge da ditadura militar, tem a capacidade de entender a comparação.

Na verdade, o sistema conservador capitalista neoliberal (que muitas vezes recorre ao fascismo como sua força de segurança), necessita de "benfeitores" aos moldes de religiosos como Chico Xavier. A caridade paliativa condizida por lideranças religiosas impede o verdadeiro altruísmo dos programas sociais, já que a caridade religiosa não mexe nos interesses dos mais ricos.

Como Bolsonaro é um fascista neoliberal - veja o programa econômico dele, e saberás - imediatamente o ex-capitão virou o candidato dos mais ricos e da classe média bem sucedida. A chamada elite brasileira sempre foi gananciosa, egoísta e preconceituosa e o surgimento de Bolsonaro tirou esta elite odiosa do armário, que agora perde o medo de desejar o prejuízo de quem não faz parte de suas convicções e expectativas.

E o sistema neoliberal, por ser ganancioso e egoísta, é avesso a formas mais eficazes de altruísmo. A renda, direitos e patrimônio nunca devem ser repartidos no sistema neoliberal. Mas como assumir publicamente a ganância e o egoísmo pega mal, dificultando negócios e atividades que colocam os neoliberais em contato com outras pessoas, foi necessário forjar um bom mocismo.

Além da utópica meritocracia, que trata a luta pela sobrevivência como uma competição, imaginado que fracos e fortes teriam uma igualdade de oportunidades, foi preciso criara a chamada filantropia, uma forma de caridade que serve mais para calar as reclamações dos mais pobres do que realmente ajudá-los. Como dar um osso para um cão parar de latir.

Aí é que entram lideranças religiosas como Chico Xavier. A função dele é praticar uma forma de altruísmo que não incomodasse os mais ricos, servindo como um mero consolo. Outra coisa é que este tipo de filantropia promove lideranças como "benfeitoras", dispensando políticos e empresários - com muito mais condições  de praticar altruísmo - de ajudar os menos favorecidos.

Se não bastasse o próprio Chico Xavier ser simpatizante de ideais conservadores tipicamente direitistas, ele ainda tem muita serventia para forjar altruísmo em um sistema naturalmente ganancioso e egoísta. Por isso que mesmo com a "imensa" caridade de Chico Xavier, o Brasil nada melhorou e a miséria dos mais pobres só aumenta, sem parar. E com Bolsonaro vai piorar.

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