Pular para o conteúdo principal

Escola sem Partido e o suposto retorno de Emmanuel

Desde que Bolsonaro ganhou as eleições, após espalhar mentiras sobre adversários, sem apresentar uma só proposta concreta de projeto de governo, foi retomada a discussão do projeto conhecido como "Escola sem Partido", um sistema educacional em que debates são proibidos e certos assuntos devem ser evitados, além da distorção de fatos históricos que pelo projeto, seriam transmitidos aos alunos como dogmas, quase como lendas.

Este sistema de ensino medieval que condena o senso crítico e desestimula o discernimento é um projeto dos neo-pentecostais e tem como objetivo fazer com que alunos sejam obedientes a pais e tutores e quando adultos mantenham esta obediência diante de patrões, políticos, líderes religiosos, mídia e outras formas de liderança. A Escola sem Partido não passa de uma fábrica de carneirinhos obedientes. É a extinção da educação.

Curiosamente, a discussão da Escola sem Partido, com grandes chances, infelizmente, de ser aprovada e aplicada na gestão Bolsonaro, entusiasta do projeto, coincide com o papo lançado pelos "espíritas" da volta de Emmanuel, o suposto espírito do Manoel da Nóbrega que supostamente era o orientador espiritual de Chico Xavier. Embora a esquipe deste blog não acredite na mediunidade do beato mineiro, por uma grande quantidade de irregularidades e contradições na atividade dele. Emmanuel supostamente retornaria como responsável de um inovador projeto educacional.

Vamos considerar que o espírito de Emmanuel seja real, mas não com as características de bondade supostamente atribuídas. Imaginemos o "espírito" como sendo o medieval Manoel da Nóbrega, retornando a cena neo-colonial do Brasil bolsonarista. 

Certamente o Catolicismo primitivo praticado nos tempos do Brasil Colônia (de Portugal - hoje retomamos a condição, com os Estados Unidos como "metrópole") aprovaria a Escola sem Partido, que na verdade tem partido (PSL e todos aqueles que apoiam Bolsonaro). 

Bolsonaristas acusam a educação livre de "doutrinária", mas a Escola sem Partido é que é de fato doutrinária. É o famoso cacoete da conservadores de acusar progressistas daquilo que apenas os conservadores fazem.

Voltando a relação Escola sem Partido/Emmanuel: seria o suposto espírito o responsável pela aplicação do medonho projeto que censura a educação? Se analisarmos o "Espiritismo" brasileiro e suas características e comparássemos com o dogmatismo medieval de Manoel da Nóbrega, vamos perceber que a possibilidade é real.

Afinal, o "Espiritismo" brasileiro é conservador, igrejeiro, não aprova a racionalidade plena (a ideia de "fé raciocinada" traz a impressão de que devemos aceitar teses sem questionar, pois elas "já foram pensadas antes"), além de defender a controversa Teologia do Sofrimento.

A Teologia do Sofrimento é uma tese difundida por Chico Xavier, Madre Teresa de Calcutá e que foi criada por Theresa de Lisieux, cujo ponto principal é a crença de que o sofrimento aceleraria a evolução espiritual dos seres humanos. E quanto maior o sofrimento, maior a aceleração do desenvolvimento espiritual, segundo esta tese, de traços evidentemente medievais.

Nada mais adequado a hipótese de que a Escola sem Partido seria implantada caso a suposta reencarnação de Emmanuel pudesse entrar em ação.  É um exagero surreal acreditar que uma personalidade que tanto apoiou o neomedievalismo fosse mudar de uma hora para outra, se tornando uma pessoa progressista, quase "de esquerda". 

O retrógrado Chico Xavier, que apoiou a ditadura militar em sua pior fase (e seria bolsonarista hoje, com a mais certa das certezas) nunca iria ficar contra um projeto de ensino que imporia a fé "cristã" (Jesus Cristo reprovaria a Escola sem Partido), que transformaria milhões de jovens em seres incapazes de realizar necessária transformações sociais em prol da coletividade. 

provavelmente a Escola sem Partido é o sinal de que "Emmanuel" está chegando. Mesmo sem revelar a sua atual identidade o famoso "espírito" começa a se manifestar ideologicamente. E será o fim da educação, como ela deveria ser. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O plano secreto de dominação "espírita" no Brasil

Brasileiros não costumam se interessar por bastidores. O que acontece dentro do cotidiano de instituições, empresas e até mesmo na vida profissional de líderes e celebridades, não desperta nenhuma curiosidade das pessoas, que acham mais bonito imaginar que as coisas acontecem como em lendas e contos de fada, com um pouco de pieguice e muita pompa. O desinteresse pelos bastidores elegeu Bolsonaro, já que muita gente nem sabia que ele já estava na política por mais de 30 anos, invisibilizado por não ter feito nada de marcante durante sua carreira de deputado federal.  O desinteresse pelos bastidores faz acreditar que todo aquele que se assume como "artista" é poeta e cria as canções sem interferência alheia (principalmente de empresários, investidores, produtores e todo tipo de liderança por trás do show business) e sem interesses mercantis. E esse mesmo desinteresse pelos bastidores transformou o "Espiritismo" brasileiro na religião mais honesta, moderna e altruísta,...

Porque só agora Chico Xavier foi desmascarado?

Diz o ditado que a mentira tem pernas curtas. Esta mentira teve pernas bem longas, durando quase 90 anos. Em 1932, deu-se o início da mentira mais bem sucedida já lançada no Brasil, capaz de enganar intelectuais, laicos, ateus e muita gente séria: o mito de Chico Xavier. De fato, Xavier nunca foi médium. Não que a mediunidade não existisse, mas que o beato de Pedro Leopoldo não estava preparado para isso. Aliás, ele dava sinais claros de esquizofrenia, algo que a esquipe deste blog já aceita como fato real. Muito do comportamento de Chico Xavier se encaixa nos sintomas desta famosa doença psiquiátrica. Xavier nunca passou de um mero beato que queria um lugar para rezar. Gostava praticamente de seguir rituais católicos (da linha medieval, praticada na Minas Gerais no início do século XX) e de ler livros. Escrevia muito bem, embora tivesse pouco conhecimento sobre os fatos cotidianos, demonstrando uma cega confiança na mídia corporativa. Falava com certa dificuldade e tinh...

Espíritas signatários do manifesto contra Bolsonaro não seguem linha consagrada por Chico Xavier

O site progressista Carta Capital publicou um manifesto de espíritas (sem aspas) contra os ideais fascistas e contra a possibilidade da chegada ao poder de Jair Bolsonaro, que infelizmente conta com imenso apoio popular de gente que ainda desconhece a ameaça que ele representa para o país.  O manifesto, que pode ser lido na íntegra neste link , foi assinado por espíritas que não seguem Chico Xavier e a linha consagrada pela Federação Espírita (sic) Brasileira, que defende um conservadorismo que se afina com o catolicismo medieval que inspirou o lado cristão do "Espiritismo" brasileiro. Não há chiquistas na lista de assinantes.  Os famosos chiquistas Divaldo Franco, José Medrado e João de Deus não aparecem na lista, assim como os membros do NEFCA, além do gaúcho Francisco Amado e do niteroiense Arthur Azevedo, apesar destes serem contra a linha chiquista. Todos os nomes citados neste parágrafo apoiaram o golpe e sinalizam que não se importam em ver a democracia send...