Há algo de muito estranho quando vemos forças progressistas, humanistas, terem como ídolo um ultraconservador de ideais medievais e que detestava tudo o que representa o progresso e humanismo que caracterizam os ideais conhecidos como "de esquerda".
Vamos tentar entender porque forças progressistas, comprometidas com a soberania nacional e com o bem estar de toda a humanidade ainda insiste em idolatrar o "médium" Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier, que além de deturpar a doutrina e enganar muita gente, foi marcado por uma caridade cujos resultados até hoje nunca apareceram, mantendo as desigualdades, injustiças e problemas que serão agravados na gestão Bolsonaro, este mais afinado com a postura ideológica demonstrada pelo "médium".
Contradições são difíceis de serem analisadas. Para entendê-las, é preciso lembrarmos de que duas ideais opostas, impossíveis de conviverem juntas, quando confrontadas, denunciam que uma delas está errada e deve desaparecer. A ideia correta deve estar de acordo com fatos e não com mitos, embora muitos considerem as teses mitológicas mais agradáveis.
PONTOS QUE FAZEM XAVIER SER CONFUNDIDO COM PROGRESSISTA
Para que o ultra-conservador Chico Xavier fosse admirado pelos progressistas, era preciso criar um mito em torno do "médium" que o transformasse em um "progressista". Seria preciso reinterpretar de forma subjetiva aspectos da vida e da carreira de Xavier, distorcendo-as, permitindo que o fato dele ter sido um ultra-conservador (por causa de sua formação católico-medieval recebida em Pedro Leopoldo) seja dissociado a ele.
O estereótipo de "maior filantropo do mundo" foi muito útil para que ele se tornasse palatável para as forças progressistas. Xavier foi construído pela FEB para ser uma espécie de "Jesus Cristo" brasileiro para poder atrair público para a versão deturpada do "Espiritismo". Várias biografias falsas tentaram embutir superpoderes a Xavier (Professor Xavier?) para reforçar a tese do "Jesus Tupiniquim".
Além dos superpoderes, foi inventado um suposto "voto de pobreza" que fez com que o "médium" dedicasse a renda dos livros publicados em seu nome para a caridade. Algo que nunca foi colocado em prática mas ajudou na imagem de "maior filantropo" construída em torno do "médium" que nunca passou de um beato que só queria rezar.
Esta imagem de imensa bondade foi construída junto a outra, de suposto "sábio". Embora nunca tivesse sido um intelectual (ele gostava de dizer que era "reencarnação de um intelectual falido") e de ter demonstrado claramente um desconhecimento sobre fatos da realidade cotidiana (o que dá cheque-mate na sua mediunidade já bastante duvidosa), ele foi estigmatizado como um intelectual poderoso e influente. Este blog desconfia que a FEB se prepara para reforçar esta imagem.
A suposta sabedoria de Xavier é mostrada em frases soltas - admiradores não leem os livros do "médium", assim como fiéis neo-pentecostais não leem a Bíblia - e declarações isoladas, todas confrontadas com os mitos atribuídos ao "médium", estigmatizado como o "melhor ser humano do planeta", o "primeiro a encerrar a sua capacidade de encarnação". Uma tolice negada pelas obras de Allan Kardec, este muito bajulado e nada seguido.
O FUTURISMO ALUCINADO DE CHICO XAVIER
Além da imagem de "caridoso" e "sábio", outra coisa que reforça a simpatia dos progressistas pelo "médium" é a associação dele com futurismo místico e com ficção científica. Xavier era fascinado por ficção científica e acreditava que extraterrestres iriam nos auxiliar na evolução espiritual, durante o novo milênio. Algo que parece alucinado, mas aceito por muitas pessoas normalmente sensatas.
Esta associação com ideais futuristas, reforçada pela alucinada tese da "Data Limite" (que mistura símbolos religiosos com ficção científica) é positiva para as forças progressistas que enxergam no "médium" um ser comprometido com o progresso humanitário e capaz de fazê-lo com celeridade. Embora fatos mostrem exatamente o oposto, estando os admiradores de Xavier entre os mais ignorantes e egoístas da humanidade.
A proximidade da concretização da suposta "profecia" conhecida como "Data Limite" e a necessidade de revigorar o decadente "Espiritismo" brasileiro (que perdeu muitos adeptos, batendo recordes de apostasia, saindo dos imutáveis 2% para 1,8%, segundo pesquisas recentes sobre as religiões no Brasil), o nome de Chico Xavier retorna como meio de atrair pessoas para a religião e manter a lucratividade da federação que a controla.
Isso inclui atrair as forças progressistas, pois a FEB, apesar de ideologicamente conservadora, não quer representar uma religião para uma parte específica da sociedade. A meta da FEB é fazer do "Espiritismo" uma religião de todos, ecumênica e eclética, onde dogmas contraditórios (?!) possam conviver pacificamente (!!!).
Ao encontrar uma forma de atrair progressistas para uma doutrina conservadora, a FEB e seu garoto-propaganda Chico Xavier comprovam esta tese de ser uma seita dominante. Resta saber se converterão quem não está a fim de seguir esta pataquada sem sentido em que se transformou a "Doutrina Espírita" no Brasil.
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