Para conservadores, pobres não podem ser ajudados por políticos e pelas leis. "Quem cuida de pobre é religioso"
O golpe de 2016 e a vitória de Bolsonaro nos trouxeram importantes lições: entre elas a de que políticos que ajudam pobres e trabalham em prol da soberania e do desenvolvimento nacional serão punidos, acusados, mesmo falsamente, de corrupção.
Todos os presidentes da República que tentaram ajudar as classes trabalhadoras e classes inferiores a estas, foram seriamente punidos, de uma forma ou de outra. Nossas elites escravocratas querem benefícios, direitos e dinheiro somente para si e para os estrangeiros que elas apoiam e não medem gastos na hora de tirar as forças progressistas (naturalmente altruístas) do poder.
Mesmo assim, ninguém gosta de posar de malvado. Essas elites inventam que agem em defesa contra forças que consideram maléficas. Inventam que progressistas são sádicos e que trabalham para o prejuízo não somente dessas elites, mas de toda a sociedade. Ou seja, para conservadores, se prejudica as elites, prejudica a todos; se beneficia as elites, beneficia a todos. Uma mentira que ainda engana muita gente.
Para os conservadores, os pobres necessitam de ajuda, mas uma ajuda que não pode ser transformadora. Pobres não devem deixar de ser pobres. Pobres não devem deixar de ser miseráveis. A não ser que lutem com as suas próprias forças (que não possuem), pobres devem apenas ter meios de suportar a miséria, sem sair dela por causa de ajuda alheia.
Quem ajuda não deve nunca tirar os pobres de sua situação humilhante, oferecendo apenas paliativos. A ideia é fazer om que pobres sobrevivam, além de promover a direita normalmente egoísta, gananciosa e sádica, como "benfeitora da humanidade". Quem oferece esta ajuda paliativa é promovido a benfeitor e ganha a simpatia e a admiração de toda a sociedade.
Além de não tirar os pobres da miséria, a ajuda paliativa oferecida pelos conservadores serve muito bem para tirá-los da imagem de egoístas. As elites que organizam campanhas filantrópicas - todas paliativas - ficam com uma boa imagem e se consagram como dotadas de responsabilidade social.
Estranhamente empresas envolvidas como filantropia coincidentemente praticam escravidão recusando direitos e diminuindo drasticamente o salário, o que soa uma contradição. Como apoiar a iniciativa de entidades que dão paliativos a pobres quando elas mesmas não cuidam do bem estar de seus próprios funcionários? Funcionários também são gente, sabiam?
Mas para conservadores, quem realmente tem a função de ajudar os mais carentes são as lideranças religiosas. Para conservadores, religiosos existem para ajudar os pobres e muitos são admirados como se o altruísmo já viesse embutido na função deles. Mesmo o religioso que se mostra menos altruísta é "altruísta" só pelo fato de ser religioso.
O próprio Chico Xavier, que nunca militou em um ativismo social, era simpatizante de ideologias conservadoras e só queria rezar e mais nada, foi consagrado como "maior filantropo do mundo" sem mover uma palha em prol do próximo.
Sua consagração se deu por causa de uma intensa campanha publicitária, aos moldes do que Malcolm Muggeridge fez com a madre Teresa de Calcutá, outra falsa filantropa. Mas se até o ranzinza Silas Malafaia é considerado filantropo por seus admiradores, qual religioso que não é considerado?
Para muitos em uma sociedade conservadora como a nossa, quem deve ajudar os pobres, de preferência devem ser os religiosos. E se políticos se meterem menos com filantropia melhor. A prova disso é a de que o político que mais ajudou os pobres está na cadeia. Usar a política para ajudar os pobres é crime. Deixem isso para as lideranças religiosas. mesmo que elas não ajudem de fato.
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