Pular para o conteúdo principal

A tentação de reabilitar Nosso Lar

Os fiéis apaixonados por Chico Xavier continuam inventando teses e mais teses sem pé nem cabeça para os livros "psicografados" pelo "médium". São livros puramente religiosos que confrontados com a mais competente ciência (não os pseudo-cientistas iludidos pelo "médium") são facilmente derrubados pelo nítido e incontestável conteúdo nonsense.

O livro Nosso Lar, a obra mais popular do "Espiritismo" brasileiro, considerado pelos seguidores a "Bíblia" de sua religião, é um livro controverso que confronta violentamente a doutrina original, por mostrar um mundo espiritual cheio de características materiais.

O citado livro, que virou filme, radionovela e o escambau, ainda é objeto de adoração e de muita perda de tempo em pesquisas e discussões. Desesperados em transformar Chico Xavier em um intelectual influente, teses são lançadas para tentar transformar o livro em algo que seja cientificamente importante.

Interessante que além de conter um mundo espiritual criado a imagem e semelhança à materialíssima Terra, o enredo ainda é risível e narra uma evolução espiritual rápida demais. O protagonista, o suposto "espírito" de nome "André Luiz" (o mesmo de um dos irmãos de Xavier - há fortes indícios de que o "espírito" foi invenção do "médium"), leva apenas 8 anos terrenos (?!) para ir de "espírito viciado" a "espírito de sabedoria máxima".

O "inferno", chamado de "Umbral" é caracterizado por uma pedreira com zumbis se contorcendo, enquanto o "céu", chamado de "colônia espiritual" (o tal Nosso Lar seria uma) parece um shopping center moderno cheio de pessoas vestidas com pijama branco, como saídos de uma propaganda de sabão em pó.

Há, sexo, comida e dinheiro. Há crianças, animais e flores. No "céu" ficam animais fofinhos, como cães, gatos, oncinha pintada, zebrinha listrada e coelhinho peludo. No "Umbral" ficam os bichos es***tos, insetos, vermes e tudo que rasteja. Enfim, um mundo espiritual pra lá de materialista. Tudo exatamente como há na material Terra.

Só que Chico Xavier e todos os que defendem a autenticidade do livro bateram com as caras na porta. Allan Kardec, com informações de espíritos sérios, havia dito que o mundo espiritual seria totalmente diferente da Terra, sem qualquer referencial de comparação. Chiquistas, tremei!

Como um livro pode ser ainda levado a sério se ele foi facilmente derrubado por uma curta declaração de ninguém menos que Allan Kardec, que os brasileiros ainda cultuam como "mestre" sem ler uma linha de sua obra? Kardec ganhou de Xavier em nocaute após um único soco dado no "médium".

Para piorar, um bando de alucinados enxergou "socialismo" na obra, se esquecendo que na verdade Nosso Lar faz uma discreta apologia a desigualdade capitalista (com direito a claras referências a mítica Meritocracia). No "Umbral" ficariam os pobres e em "Nosso Lar" ficariam os ricos. Quem achou que a citada colônia espiritual seria uma democracia socialista, viajou bastante na maionese, forçando para algo sem sentido parecer lógico.

Somente o fanatismo e a apego cego ao farsante Chico Xavier pode explicar a insistente importância dada a Nosso Lar, na verdade um conto de fadas futurista muito mal escrito. Um livro que teria sido bom se fosse visto como mero entretenimento. Pois como obra doutrinária, Nosso Lar é uma ofensa à racionalidade e ao bom senso.

Nosso Lar tem as mesmas iniciais de "Na Lixeira". É este o destino que merece esta risível obra de vandalismo doutrinário.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O plano secreto de dominação "espírita" no Brasil

Brasileiros não costumam se interessar por bastidores. O que acontece dentro do cotidiano de instituições, empresas e até mesmo na vida profissional de líderes e celebridades, não desperta nenhuma curiosidade das pessoas, que acham mais bonito imaginar que as coisas acontecem como em lendas e contos de fada, com um pouco de pieguice e muita pompa. O desinteresse pelos bastidores elegeu Bolsonaro, já que muita gente nem sabia que ele já estava na política por mais de 30 anos, invisibilizado por não ter feito nada de marcante durante sua carreira de deputado federal.  O desinteresse pelos bastidores faz acreditar que todo aquele que se assume como "artista" é poeta e cria as canções sem interferência alheia (principalmente de empresários, investidores, produtores e todo tipo de liderança por trás do show business) e sem interesses mercantis. E esse mesmo desinteresse pelos bastidores transformou o "Espiritismo" brasileiro na religião mais honesta, moderna e altruísta,

Apoio a Bolsonaro desmascara o farsante Divaldo Franco

O sábio Herculano Pires havia avisado. Mas ninguém quis ouvir. Desprovidos da capacidade de raciocinar de forma adequada, muitos fiéis do "Espiritismo", confundindo fé cega com aprendizado , elegeram o picareta Divaldo Franco como guru, fizeram crescer o mito e quando é tarde demais resolvem abandonar o barco quando ele já está fundando. Divaldo cresceu enganando a todos com pose de sábio estereotipado, utilizando uma linguagem prolixa que aos ouvidos dos menos racionais passa tranquilo por sabedoria científica. Mas quem é mais atento aos detalhes, sobretudo quem entende de semiologia, percebe logo de que se trata de um farsante a se aproveitar da ignorância alheia para se tornar influente. A carência humana por uma liderança e a incapacidade (ou falta de coragem?) de analisar o discurso fez com que muitos brasileiros se apaixonassem por Divaldo Franco, acreditando ser ele o oráculo divino destinado a melhorar toda a humanidade. Enfim, o castelo encantado do podero

Porque só agora Chico Xavier foi desmascarado?

Diz o ditado que a mentira tem pernas curtas. Esta mentira teve pernas bem longas, durando quase 90 anos. Em 1932, deu-se o início da mentira mais bem sucedida já lançada no Brasil, capaz de enganar intelectuais, laicos, ateus e muita gente séria: o mito de Chico Xavier. De fato, Xavier nunca foi médium. Não que a mediunidade não existisse, mas que o beato de Pedro Leopoldo não estava preparado para isso. Aliás, ele dava sinais claros de esquizofrenia, algo que a esquipe deste blog já aceita como fato real. Muito do comportamento de Chico Xavier se encaixa nos sintomas desta famosa doença psiquiátrica. Xavier nunca passou de um mero beato que queria um lugar para rezar. Gostava praticamente de seguir rituais católicos (da linha medieval, praticada na Minas Gerais no início do século XX) e de ler livros. Escrevia muito bem, embora tivesse pouco conhecimento sobre os fatos cotidianos, demonstrando uma cega confiança na mídia corporativa. Falava com certa dificuldade e tinh