O mito da caridade de Chico Xavier é o escudo usado pelos defensores na hora de combater as críticas, mesmo construtivas ao beato mineiro. Charlatão e deturpador da doutrina, responsável por inserir um monte de dogmas estranhos e contraditórios, o "médium" é admirado por todos pela suposta caridade que praticou.
Segundo seus defensores, a caridade praticada era imensa, intensa, constante e dedicada, com altíssimos resultados de transformação social que só não foram maiores porque os "detratores não deixaram". Mas isso é verdade? Como podemos verificar isso na prática?
Acontece que a caridade de Chico Xavier é na verdade um dogma religioso, tão real quando o conto de Adão e Eva como o do "Jesus na Goiabeira" citado pela beata evangélica Damares, que se tornou ministra dos Direitos Humanos (?!). É algo não comprovável, mas conveniente para a fé de quem acredita.
Chico Xavier é uma zona de conforto em forma humana. Seu mito conseguiu atrair uma legião imensa de admiradores, não apenas entre os "espíritas". Ateus, laicos e esquerdistas o admiram. Outras religiões o adotam como "divindade" a ser louvada. Evangélicos o respeitam. Somente quem se arrisca a pesquisar mais sobre o controverso "médium" acaba descobrindo as verdades sobre ele.
Vejam só. Imaginemos que tudo que falam sobre Chico Xavier seja verdadeiro. A quantidade de pobres seria imensamente menor. Seus auxiliados teriam saído da linha de pobreza. As injustiças sociais teriam acabado. Uberaba, cidade onde supostamente trabalhou como filantropo, teria uma qualidade de vida a níveis escandinavos.
Seu exemplo de bondade teria contagiado seus admiradores a ponto do altruísmo ser moda, causando imensas transformações para o país. Mas o que temos? Um país sem soberania, mergulhado na ganância capitalista (nunca criticada por Chico Xavier - ele admirava lideranças gananciosas, que ele não as considerava como tais) com maior parte da população totalmente miserável e sem perspectivas de melhora. Tudo sob o comando de um neofascista, Jair Bolsonaro, condutor do tal "Coração do Mundo".
Xavier nunca foi visto se envolvendo em ativismo social (que ele condenava, por incrível que pareça). Xavier ainda era entusiasta da Teologia do Sofrimento, acreditando que as pessoas precisavam sofrer para "se purificar". Uma teoria sádica que derruba o mito da bondade atribuído com insistência ao "médium", que reprovava políticos que trabalhassem em prol dos pobres.
Então qual a serventia da suposta caridade de Chico Xavier? Se os resultados nunca foram satisfatórios, como admirar o médium como "maior filantropo do Brasil", a ponto de entregar prêmios e mais prêmios, canonizá-lo e lançar o risível dogma de que ele "encerrou a capacidade de se reencarnar" se tornando oficialmente um semi-deus universal?
Só há uma forma de aceitar toda a mitologia construída em torno de Chico Xavier: a de que tudo nunca passou de mero dogma religioso, tão real quanto a cobra falante da Bíblia. Verdadeiro conto-de-fadas a agradar mentes carentes de um tutor para ser admirado. Um anestésico ideológico a confortar almas ingênuas.
O fato: Xavier nunca fez caridade efetiva. Foi um mero dogma religioso, prazeroso para se acreditar, mas completamente incompatível com a realidade. Ele nunca passou de um beato que só queria rezar e que impôs a sua fé pessoal para destruir totalmente uma doutrina que prometia ser progressista e que hoje se encontra soterrada pelos entulhos do mais medieval conservadorismo.
Esqueçamos Chico Xavier. Se admiramos a caridade, façamos nós mesmos a caridade. Não precisamos de ídolos para melhorar o mundo. A idolatria a Chico Xavier nunca melhorou o Brasil e nem mesmo a personalidade de seus admiradores, que continuam tão gananciosos como sempre foram.
Talvez a idolatria a Chico Xavier servisse para dispensar seus admiradores de fazer caridade.
Esqueçamos Chico Xavier. Se admiramos a caridade, façamos nós mesmos a caridade. Não precisamos de ídolos para melhorar o mundo. A idolatria a Chico Xavier nunca melhorou o Brasil e nem mesmo a personalidade de seus admiradores, que continuam tão gananciosos como sempre foram.
Talvez a idolatria a Chico Xavier servisse para dispensar seus admiradores de fazer caridade.
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