Pular para o conteúdo principal

O "Espiritismo" brasileiro é uma religião fascista?

Quem muito diz que é é porque não é, segundo a sabedoria popular. Uma seita que falava o tempo todo em caridade sem oferecer algum resultado prático que seja satisfatório, ao mesmo tempo que defendia um igrejismo conservador que incluía a medonha Teologia do Sofrimento, deveria ser motivo de preocupação.

O silêncio estridente e ensurdecedor dos "espíritas" (da linha de Chico Xavier; por outro lado, os anti-chiquistas já se manifestaram contra) diante de Bolsonaro nos faz pensar bastante sobre a "doutrina do amor": seria o "Espiritismo" brasileiro, chiquista, roustanguista e nada kardeciano, uma seita fascista?

Fatos infelizes envolvendo a doutrina sugerem que o "Espiritismo" brasileiro apoia tendências fascistas. Entusiasta da Teologia do Sofrimento, tese medieval descartada pelo Catolicismo moderno, aquela que diz que "sofrimento adianta a evolução espiritual", o "Espiritismo" brasileiro só acende a fogueira de sua associação ao Fascismo, por mais cruel que seja.

Origem roustainguista do "Espiritismo" brasileiro

As origens do "Espiritismo" brasileiro não nos remete a Allan Kardec, este reduzido a objeto de bajulação e atestado de prestígio. Remete mesmo a Jean Baptiste Roustaing, um advogado católico conservador que acreditava em reencarnação, mas agia como se fosse o Olavo de Carvalho (ideólogo fascista brasileiro) de sua época.

Os "espíritas" brasileiros preferiram Roustaing, pois ele defendia dogmas simpáticos aos dissidentes católicos que fundaram a Federação Espírita (sic) Brasileira. Mas Roustaing não tinha prestígio. Sua aparência e muitos de seus dados biográficos ainda são desconhecidos. Os "espíritas" brasileiros encontraram uma solução, desonesta, para isso.

Como Allan Kardec foi o codificador e tinha prestígio, os "espíritas" brasileiros adotaram o codificador como uma espécie de "patrono", sem assumir de fato as suas ideias. Graças a isso, "espíritas" brasileiros se auto-rotulam de "kardecistas", mesmo se opondo a muitas teses defendidas pelo codificador. Opositores de Chico Xavier rejeitam o rótulo "kardecista", preferindo kardeciano.

Mas Roustaing é que construiu as bases do "Espiritismo" brasileiro, encontrando posteriormente em Chico Xavier, um beato que nunca deixou de ser católico, o seu mais perfeito tradutor. Parte da equipe deste blog considera Chico Xavier a reencarnação de Jean Baptiste Roustaing, por estreitíssima afinidade de ideias.

Chico Xavier, um beato fascista?

Do contrário da imagem construída a favor do suposto "médium", Chico Xavier, maior nome do "Espiritismo" brasileiro, sempre foi um sujeito ultra-conservador. Não há sinais de que ele era um ativista social, sua caridade não trouxe resultados práticos, a sua suposta mediunidade tinha muitas irregularidades (o que nos leva a crer que era falsa).  

Sempre que se manifestava, soltava um conservadorismo mofado, cortesia da versão medieval do Catolicismo que seguia, já que era a forma praticada nas pequenas cidades no início do seculo XX. É neste ponto que vamos nos concentrar, para tentar provar o fascismo do "Espiritismo" brasileiro.

Em várias obras ou em entrevistas e palestras, Chico Xavier destilava seu conservadorismo retrógrado. Considerava negros e indígenas como selvagens (Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho), homo-afetivos como doentes (Vida e Sexo), e mulher limitada ao lar e à prece (O Consolador), além de defender a família nos moldes tradicionais, Pai-mãe-filhos, com o pai mandando e os outros obedecendo. Como os neo-pentecostais, arqui-inimigos dos "espiritas", adoram.

Além de dizer que os militares (incluindo o famigerado torturador Carlos Alberto Brilhante Ulstra) estavam construindo o "Reino de Amor" na pior fase da ditadura militar (Pinga Fogo, 1971). Um pensamento coerente de um beato que seguia a Teologia do Sofrimento, lançada por Teresa de Lisieux e popularizada pela pseudo-filantropa Madre Teresa de Calcutá, desmascarada pelo jornalista inglês Christopher Hitchens.

Xavier agiu como um perfeito fascista na sua entrevista para o Pinga Fogo, em 1971, apoiando a ditadura quando nem mesmo o mais conservador dos mortais continuava a apoiar. Ranzinza, antipático e bastante retrógrado e preconceituoso, Xavier eliminou todo o estigma construído em torno dele, destruindo o estereótipo falso de "Homem chamado Amor".

Divaldo Franco, João de Deus, Bolsonaro e a enrascada "espírita"

Mais episódios mostram a guinada fascista do "Espiritismo" que nunca quis seguir Allan Kardec. Em 2017, Divaldo Franco, maior nome da seita após o falecimento de Xavier, se envolveu em duas polêmicas que fatalmente o iriam colocar no rol dos fascistas "cristãos" (como Silas Malafaia) de nosso país. Duas polêmicas que confirmam o caráter farsesco de Divaldo, definido por Herculano Pires como um impostor.

Primeiro, Divaldo ofereceu a edição paulista do ano de seu evento ecumênico Você e a Paz, para o lançamento de um estranho alimento para dar aos pobres, confeccionado pela equipe que trabalhou junto do então prefeito de São Paulo (hoje governador do estado), o magnata de orientação fascista João Dória.

O alimento, feito com restos de comida, foi lançado no evento de Divaldo Franco, que como "super paranormal" deveria saber dos detalhes do estranho alimento e das intenções de Dória. Mas Divaldo divulgou o lançamento com naturalidade, mesmo diante das suspeitas de que o alimento teria matado pessoas em outra instituição, quando posto em fase de testes.

Em outra ocasião, em Goiânia, capital do estado de João de Deus, Divaldo deu declarações típicas de um fascista ao dar uma palestra em um evento local. Um integrante da plateia sabiamente gritou "pinga fogo!" com referência a entrevista ranzinza dada pelo antecessor de Divaldo, Chico Xavier. 

A declaração, preconceituosa, ainda exaltou o juiz fascista Sérgio Moro, desejando-o ver o carrasco de Lula na presidência. Interessante como "espíritas" adoram juízes. Ainda mais sabendo que charlatanismo ainda é crime. Aliás, um juiz, Haroldo Dias Dutra, estava presente no evento.

Com as polêmicas, Divaldo foi colocado na "geladeira" do "Espiritismo" brasileiro, pouco se ouvindo falar sobre ele. Mesmo assim, ele foi premiado pela Universidade do Piaui, mesmo com a repercussão negativa. Divaldo, bastante idoso, está doente e pode falecer a qualquer momento. Os "espíritas" elegeram seu sucessor, outro "médium" envolvido com problemas, Muitos problemas.

João de Deus, querido dos Bolsonaristas


No final de 2018, o provável sucessor de Divaldo Franco na propagação do "Espiritismo" roustainguista, João Teixeira de Faria, o João de Deus, foi acusado de inúmeros crimes, incluindo sexuais. Latifundiário com poder de influência na cidade da Abadiânia (homenagem à santa de Chico Xavier, Nossa Senhora de Abadia), o curandeiro tinha posturas conservadoras  era muito popular entre as celebridades.


As acusações de abuso sexual, junto com outras que se seguiram depois (há acusações envolvendo violência, escravidão e tráfico de bebês), desmascararam o latifundiário que, como tal, nunca poderia ter uma postura espiritualmente responsável.

Mesmo com as acusações , João de Deus continua bem popular no meio conservador. Há quem veja legitimidade nas curas, embora o Espiritismo original comprove que não havia clima energético para curas bem sucedidas nas sessões do curandeiro. 

Para piorar, os casos de assédio ainda poderiam gerar simpatia a machistas, por ser algo aprovado pelo machismo. O latifundiário ficaria com imagem de "pegador" tornando objeto de "sucesso" para machistas admiradores. O machismo é aspecto integrante do Fascismo, retomando seu auge com a chegada de Bolsonaro ao poder.

Bolsonaro, o condutor do "Coração do Mundo"

Aliás, o silêncio de "espíritas" diante de um fascista no poder, com um projeto de governo bastante sádico e nocivo, pode sugerir o apoio secreto da FEB a Bolsonaro. A FEB sempre grudou em governos feito tênias e agora, que alguém com capacidade de executar a Teologia do Sofrimento comanda a nação, a FEB não perderá tempo se preocupando com o mau-caratismo do ex-capitão.

Não houve uma menção de "espíritas" chiquistas com alguma preocupação com o fascismo brasileiro. Seu mais importante tabloide, o Correio Espírita, de Niterói, berço da FEB, não mostrou um pingo de preocupação com a vitória de Bolsonaro. Em 2016, o mesmo jornal apoiou o golpe e declarou que as manifestações - com a presença de muitos fascistas - era a "confirmação da regeneração da Terra".

Para completar, nenhum "espírita" foi ver Lula na prisão, nem mesmo se manifestar contra a prisão política - e portanto injusta - do melhor presidente que o Brasil já teve, acusado falsamente de envolvimento com corrupção. Quando o verdadeiro motivo é que Lula atrapalha os planos das gananciosas elites brasileiras, desejosas de ver um fascista no poder. 

É triste ter que fazer um diagnóstico tão cruel, mas real. A doutrina que vive falando tanto em amor, caridade, Jesus e outros valores elevados, ter que na prática assumir posições fascistas, na promessa que o sofrimento de hoje levaria às glórias de amanhã, se mostra uma farsa e que pode pagar um caro preço pela adesão incondicional à Teologia do Sofrimento, teoria medieval afinada com ideais fascistas, mostrando o desejo de instalar a Idade das Trevas em nosso combalido Brasil.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O plano secreto de dominação "espírita" no Brasil

Brasileiros não costumam se interessar por bastidores. O que acontece dentro do cotidiano de instituições, empresas e até mesmo na vida profissional de líderes e celebridades, não desperta nenhuma curiosidade das pessoas, que acham mais bonito imaginar que as coisas acontecem como em lendas e contos de fada, com um pouco de pieguice e muita pompa. O desinteresse pelos bastidores elegeu Bolsonaro, já que muita gente nem sabia que ele já estava na política por mais de 30 anos, invisibilizado por não ter feito nada de marcante durante sua carreira de deputado federal.  O desinteresse pelos bastidores faz acreditar que todo aquele que se assume como "artista" é poeta e cria as canções sem interferência alheia (principalmente de empresários, investidores, produtores e todo tipo de liderança por trás do show business) e sem interesses mercantis. E esse mesmo desinteresse pelos bastidores transformou o "Espiritismo" brasileiro na religião mais honesta, moderna e altruísta,

Apoio a Bolsonaro desmascara o farsante Divaldo Franco

O sábio Herculano Pires havia avisado. Mas ninguém quis ouvir. Desprovidos da capacidade de raciocinar de forma adequada, muitos fiéis do "Espiritismo", confundindo fé cega com aprendizado , elegeram o picareta Divaldo Franco como guru, fizeram crescer o mito e quando é tarde demais resolvem abandonar o barco quando ele já está fundando. Divaldo cresceu enganando a todos com pose de sábio estereotipado, utilizando uma linguagem prolixa que aos ouvidos dos menos racionais passa tranquilo por sabedoria científica. Mas quem é mais atento aos detalhes, sobretudo quem entende de semiologia, percebe logo de que se trata de um farsante a se aproveitar da ignorância alheia para se tornar influente. A carência humana por uma liderança e a incapacidade (ou falta de coragem?) de analisar o discurso fez com que muitos brasileiros se apaixonassem por Divaldo Franco, acreditando ser ele o oráculo divino destinado a melhorar toda a humanidade. Enfim, o castelo encantado do podero

Porque só agora Chico Xavier foi desmascarado?

Diz o ditado que a mentira tem pernas curtas. Esta mentira teve pernas bem longas, durando quase 90 anos. Em 1932, deu-se o início da mentira mais bem sucedida já lançada no Brasil, capaz de enganar intelectuais, laicos, ateus e muita gente séria: o mito de Chico Xavier. De fato, Xavier nunca foi médium. Não que a mediunidade não existisse, mas que o beato de Pedro Leopoldo não estava preparado para isso. Aliás, ele dava sinais claros de esquizofrenia, algo que a esquipe deste blog já aceita como fato real. Muito do comportamento de Chico Xavier se encaixa nos sintomas desta famosa doença psiquiátrica. Xavier nunca passou de um mero beato que queria um lugar para rezar. Gostava praticamente de seguir rituais católicos (da linha medieval, praticada na Minas Gerais no início do século XX) e de ler livros. Escrevia muito bem, embora tivesse pouco conhecimento sobre os fatos cotidianos, demonstrando uma cega confiança na mídia corporativa. Falava com certa dificuldade e tinh