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O silêncio da prece é medo

Marcelo Yuka, grande compositor, músico e grande ser humano, foi para a pátria espiritual na noite de sexta-feira, dia 18/01. Fará grande falta, pois era um humanista convicto - não aos moldes das lideranças religiosas - e um ativista social incansável.

Ele era o principal compositor da banda carioca O Rappa e foi o responsável pela melhor fase da banda. O disco Lado B Lado A, o melhor da banda e onde estão as músicas mais conhecidas, era praticamente de músicas de sua autoria. Dentre elas, Minha Alma, cujo verso "paz sem voz, não é paz, é medo" chama bastante atenção.

A letra, que é forte e carrega uma séria de críticas a passividade, a alienação e a coisas que o egocêntrico e ganancioso sistema capitalista nos fez tratar como corriqueiras, fala de uma paz que deve ser atuante, reivindicatória. Uma paz que seja resultante da luta por direitos, coisa que em tempos de fascista neo-conservadorismo se tornou criminalizada.

A paz proposta por Yuka, resultante da luta e da consciência social, pode ser confrontada com a paz sem voz proposta pelo "bondoso" Chico Xavier, um ultra-conservador que infelizmente é muito admirado por se encaixar nos estereótipos do religioso caridoso.

Xavier era partidário da medonha Teologia do Sofrimento, que inventou o mito de que o sofrimento aceleraria a evolução espiritual. Uma mentira, pois o que acelera de fato a evolução espiritual é o desenvolvimento intelectual e a consciência objetiva do mundo real, sem fé ou qualquer tipo de credulidade. Até porque a credulidade distorce a nossa percepção do mundo real.

O "médium" mineiro falava muito do silêncio da prece e acreditava na paz sem voz coerente com o seu pensamento ultra-conservador. Ele acreditava que no silêncio, "Deus" ouviria o pedido da pessoa e realizaria, com um passe de mágica, a transformação que supostamente melhoraria a condição de quem ora. Um absurdo defendido apenas por quem é religioso.

Chico Xavier condenava os movimentos sociais e o ativismo sócio-político. Achava que as pessoas deveriam aceitar seu sofrimento como "moeda" para conquistas futuras que a lógica e o bom senso alegam ser incertas. Trocando em miúdos, a passividade proposta por Xavier tem a sua cota de crueldade. 

Yuka, pelo contrário, é um verdadeiro altruísta. Passou toda a sua vida no ativismo social. Ficou paraplégico ao levar um tiro tentando salvar uma mulher de um assalto. Quase se tornou um político por um partido progressista e fez muitos amigos no ativismo social. Morreu vendo a sociedade mergulhada no fascismo doentio de Jair Bolsonaro & CIA, comprometido com a destruição do país  (e dos brasileiros) para agradar magnatas estrangeiros.

Fica aqui a lição de Marcelo Yuka, um verdadeiro ativista social comprometido com o bem estar coletivo. Ouçamos suas letras e tiremos nós mesmos as lições de vida que serão úteis para transformar este mundo para melhor. 

Do contrário das inúteis frases piegas atribuídas ao falso altruísta Chico Xavier, que só servem para que fujamos do mundo real, deixando que problemas cresçam às nossas costas.

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