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As elites e a precária caridade das religiões

Desde que houve o golpe de 2016, os pobres ficaram órfãos das transformações sociais corridas nos governos petistas. 

Mas para as elites e para a direita apoiada por elas, a responsabilidade de cuidar dos pobres não é de políticos (que devem trabalhar exclusivamente em prol dos mais ricos). 

Quem tem que cuidar de pobres são as religiões e ONGs que estejam divorciadas de partidos políticos, sobretudo os de esquerda. Justamente a orientação política comprometida com os mais necessitados.

Só que a caridade defendida e praticada pelas religiões é bem paliativa. Por isso mesmo que as elites gostam dela e costumam estimulá-la e apoiá-la. É um tipo de caridade que apenas conforta, mas não tira os pobres de sua condição e o melhor: não mexe na ganância e nos exagerados bens mais-do-que-supérfluos dos mais ricos. 

A caridade paliativa, também conhecida como "assistencialismo" serve mais para promover as pessoas que a praticam em "benfeitores", tornando seres a serem dignos de serem admirados por multidões. É excelente porque não transforma o mundo e ainda serve para rotular de "bondosos" quem tenta alegrar os pobres as custas de reles migalhas ou ajuda pontual e não-duradoura.

As religiões sempre foram um braço importante para a exploração capitalista. Seus dogmas servem para iludir multidões, estimulando-as a terem medo de lideranças invisíveis (Deus? Mega-empresários?) e acreditar numa prosperidade futura que sempre é adiada. 

A caridade paliativa das religiões complementa toda esta ilusão e estimula uma passividade que tranquiliza e protege a ganância dos mais ricos. Estes pode posar de bondosos reservando aos pobres bens de menor qualidade que não interferem na gananciosa prosperidade dos mais ricos, que conseguem ajudar sem danificar o patrimônio, além de se promover como pessoas "bondosas".

Como é uma forma de caridade que não mexe nos privilégios dos mais ricos, ela é permitida e consagrada e seus praticantes devidamente canonizados. Lideranças religiosas sempre se promoveram às custas do sofrimento alheio, representando a água com açúcar que alivia o sofrimento que nunca é eliminado.

Chico Xavier e Madre Teresa de Calcutá foram os estereótipos deste tipo de caridade apoiada pelos mais ricos por causa de sua precariedade, graças a capacidade de manter os pobres em sua desgraça, apenas criando meios para que estes suportem sua condição humilhante.

Suportar a condição humilhante significa nunca mexer nos privilégios dos mais ricos. A caridade religiosa é permitida e admirada pela capacidade de manter os pobres aonde estão, sem acabar com as injustiças e sem melhorar a humanidade como um todo. 

Os ricos ficam tranquilos, pois não precisarão pôr ricos a sua sagrada ganância. E assim o mundo se mantém na sua falsa harmonia, com ricos felizes e pobres acomodados com a precária ajuda recebida. Acomodados, mas nada felizes. Assim seja.

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