O direitismo mostrado pelo "Espiritismo" brasileiro em coerência com a sua filosofia neo-medieval trazida pelo beato Chico Xavier, educado pelo mais arcaico Catolicismo, dominante no início do século XX no interior mineiro, tem servido para desmascarar a versão brasileira da doutrina.
O "Espiritismo" brasileiro tem se mostrado uma seita elitista, que prioriza o bem estar dos mais prósperos e condena os mais pobres como "reencarnação dos maus", reservando a estes, na melhor das hipóteses, apenas bens paliativos e palavras vazias de conforto.
Mas para os mais ricos e para quem os apoia, todos os benefícios e os louros que puderem dar. Tidos como "reencarnação dos bons", os mais ricos são premiados com o respeito a sua ganância, que imediatamente perde o nome pejorativo e se rebatiza de "mérito". O ganancioso tem direito de ser ganancioso, desde que não se use esta palavra feia.
"Espíritas" fingem condenar a ganância. Mas na prática, não é isso que se vê. Eles tem meios mais sutis de legitimar a ganância e proteger os gananciosos. A ganância passa a ser uma prerrogativa. É um direito de "quem chegou lá" de ser ganancioso.
Ter mais e ser melhor que os outros não é um erro para quem pensa com a mente de um conservador. E o "Espiritismo", com maioria de seguidores bem remunerados e cheios de diplomas (para quê, se não são inteligentes?), foi natural que a doutrina brasileira - do contrário de sua matriz francesa - se inclinasse aos ideais mais retrógrados e apoiadores da ganância capitalista.
Para agradar a maioria dos seguidores, dirigentes e lideranças "espíritas" logo se converteram para o direitismo quase sádico. É impressionante e também revoltante que uma doutrina que fala o tempo todo em caridade tenha aderido com gosto a ideais que legitimam a ganância e prejudicam grande parte da humanidade.
APOIAR GANANCIOSOS ROMPE COM COMPROMISSO COM A CARIDADE
Parece exagero falar que lideranças que abraçam ideais gananciosos "irão para o umbral", como no caso do texto sobre Carlos Baccelli, apoiador entusiasmado de Bolsonaro, um candidato que falou o tempo todo que queria matar todo mundo. Como ir ao céu apoiando alguém tão sádico? Se Baccelli e outros se sentiram ofendidos com o diagnóstico real de suas atitudes reprováveis, melhor pararem para pensar. E pensar muito.
Sadismo não leva ao céu. E quem apoia sadismo, deve responder rigorosamente por sua decisão mais que equivocada. Se informe melhor e apoie quem apoia os mais carentes e não quem deseja matá-los. Se o "Espiritismo" virou uma seita de direita é porque rompeu com a sua responsabilidade com a caridade. Aliás, quem tem que provar o tempo todo que é caridoso, é porque não é.
A ganância nunca deve ser apoiada por quem tem a responsabilidade com o bem estar alheio. Isso é contradição. Se Chico Xavier apoiou a ditadura militar em sua pior fase e só votou em políticos de direita, além de ter medo de esquerdistas, é porque nunca foi de fato um homem caridoso. Apenas ideais progressistas, conhecidos como "de esquerda" tem o compromisso real com o bem estar alheio.
Se "espíritas" apoiam a ganância e personalidades gananciosas, como empresários e especuladores, que parem de falar em caridade. Não se ajuda os outros com sopa aguada e cobertor rasgado. Se ajuda os outros dando dignidade através de qualidade de vida. Se ajuda os outros combatendo a ganância. E não se combate a ganância respeitando gananciosos.
Se a ganância e ruim, então porque apoiá-la? E apoiar ganância não é caridade.
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