Pular para o conteúdo principal

Qual a serventia de Allan Kardec para o "Espiritismo" brasileiro?

O "Espiritismo" é uma religião em fase crítica de decadência. Dogmas confusos, lideranças desmascaradas como farsantes, falta de jovens lideranças a continuar e a negação da racionalidade em prol da fé cega igrejeira, são alguns dos fatores que vem esvaziando centros e despertando o desinteresse de muitos, causando uma impressionante apostasia que se torna irreversível.

Mas como o "Espiritismo" beneficia lideranças que ainda restam e seguidores ainda iludidos com os dogmas sem pé nem cabeça que insistem em se manter na doutrina, é preciso um empenho para tentar manter a farsa de pé. E nada melhor que fingir retomar as origens kardecianas, reeditando a fase dúbia que aumentou ainda mais a confusão após a aposentadoria de Antônio Wantuil de Freitas, o formatador do "Espiritismo" brasileiro.

Notamos que a solução encontrada para tentar salvar o "Espiritismo" brasileiro e garantir o ganha-pão de lideranças (que não trabalham de graça e reservam muito pouco para a caridade, sempre paliativa e limitada e nunca transformadora), foi apelar para Allan Kardec, fingindo a retomada de algo que nunca foi posto em prática no Brasil: a apreciação dos conceitos estabelecidos pelo pedagogo de Lyon.

Mas como os "espíritas" nunca gostaram de fato das lições de Allan Kardec, que poderiam aniquilar automaticamente vários dogmas implantados no Brasil (que agradam aos entusiastas da fé cega, chamada de "raciocinada"), vamos tentar saber qual a função do professor lionês na doutrina brasileira, já que seus seguidores não querem saber das ideias kardecianas.

PONHA ALLAN KARDEC NO ALTAR

É sabido que o "Espiritismo" foi transformado em uma seita de adoração. Louvar as lideranças admiradas, sobretudo os charlatães Chico Xavier e Divaldo Franco, se tornou a principal meta de "espíritas" brasileiros. O desejo de seguidores é fazer o mesmo com Kardec, montando uma espécie de altar onde todos estejam devidamente colocados em seus pedestais, com súditos ajoelhados diante deles, chorando soluçadamente.

A necessidade de se louvar Allan Kardec, mesmo ignorando seus pontos importantes (tidos como datados, embora as ideias de Chico Xavier, que vieram depois, eram herdadas da forma medieval de Catolicismo seguida pelo suposto "médium") soa como uma reles forma de agradecimento pela fundação da doutrina, mesmo ela tendo sido vandalizada e arruinada após chegar ao Brasil.

DOGMAS IRRACIONAIS "APROVADOS" PELA CIÊNCIA

Para o "Espiritismo" brasileiro, a ciência só tem uma serventia: autenticar dogmas absurdos, sem pé nem cabeça e resultantes da fé cega, chamada assim de "fé raciocinada". A ciência deve evitar analisar e verificar, já que não pode desmentir tais dogmas, importantes para manter o marasmo da doutrina. A ciência deve se limitar a servir de atestado de autenticação.

Aí é que entra Allan Kardec, o cientista. É conveniente para os "espíritas" brasileiros que se ponha na conta de Kardec a responsabilidade pelos dogmas ridículos defendidos no Brasil, como as "crianças índigo" e as "colônias espirituais", entre outras tolices ainda piores.O rótulo de "doutrina científica"serve de diferencial para seguidores que pensam que tais bobagens foram resultantes de muito estudo e verificação.

FOI ELE QUE COMEÇOU COM ISSO TUDO

Para muitos, o "Espiritismo" brasileiro é uma continuação do trabalho iniciado por Allan Kardec, embora tenha sofrido uma imensa rutura com a influência de Jean Baptiste Roustaing, um católico que acreditava em reencarnação e verdadeiro patrono do "Espiritismo" brasileiro. 

Isso tudo além da inserção de vários dogmas estranhos importados de outras crenças, na tentativa frustrada de transformar o "Espiritismo" em uma seita ecumênica, para forçar seu falso caráter de "religião oficial de toda a humanidade".

Mas acreditar que tudo faz parte de um processo continuo serve também para colocar na conta de Kardec a responsabilidade de tudo - inclusive dos erros - que acontecem no "Espiritismo" brasileiro, legitimando absurdos e protegendo charlatães que recorrem a Allan Kardec para evitarem se punidos de forma justa e rigorosa.

TOLICES VENDIDAS COMO "CONCEITOS CIENTÍFICOS KARDECIANOS"

Por este e outros motivos que Allan Kardec, mesmo com a sua obra completamente ignorada, rotulada de "ultrapassada", ainda serve como objeto de idolatria - bajulação - para satisfazer as taras de quem não está disposto a estudar e que usa dogmas absurdos como forma de conforto e prazer.

Mas farsantes adoram se apegar aos mestres de verdade para se legitimar e se firmar. Por isso recorrem a Kardec para que verdadeiras tolices sejam vendidas como "conceitos científicos" atraindo pessoas de nível acadêmico superior que acham que um simples diploma compensa aquilo que não é produzido dentro de suas caixas cerebrais. 

Nunca foi tão fácil posar de inteligente e culto. Allan Kardec ajuda um pouquinho. Mesmo sem a leitura de uma só linha escrita pelo professor lionês. Lamentável!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O plano secreto de dominação "espírita" no Brasil

Brasileiros não costumam se interessar por bastidores. O que acontece dentro do cotidiano de instituições, empresas e até mesmo na vida profissional de líderes e celebridades, não desperta nenhuma curiosidade das pessoas, que acham mais bonito imaginar que as coisas acontecem como em lendas e contos de fada, com um pouco de pieguice e muita pompa. O desinteresse pelos bastidores elegeu Bolsonaro, já que muita gente nem sabia que ele já estava na política por mais de 30 anos, invisibilizado por não ter feito nada de marcante durante sua carreira de deputado federal.  O desinteresse pelos bastidores faz acreditar que todo aquele que se assume como "artista" é poeta e cria as canções sem interferência alheia (principalmente de empresários, investidores, produtores e todo tipo de liderança por trás do show business) e sem interesses mercantis. E esse mesmo desinteresse pelos bastidores transformou o "Espiritismo" brasileiro na religião mais honesta, moderna e altruísta,

Apoio a Bolsonaro desmascara o farsante Divaldo Franco

O sábio Herculano Pires havia avisado. Mas ninguém quis ouvir. Desprovidos da capacidade de raciocinar de forma adequada, muitos fiéis do "Espiritismo", confundindo fé cega com aprendizado , elegeram o picareta Divaldo Franco como guru, fizeram crescer o mito e quando é tarde demais resolvem abandonar o barco quando ele já está fundando. Divaldo cresceu enganando a todos com pose de sábio estereotipado, utilizando uma linguagem prolixa que aos ouvidos dos menos racionais passa tranquilo por sabedoria científica. Mas quem é mais atento aos detalhes, sobretudo quem entende de semiologia, percebe logo de que se trata de um farsante a se aproveitar da ignorância alheia para se tornar influente. A carência humana por uma liderança e a incapacidade (ou falta de coragem?) de analisar o discurso fez com que muitos brasileiros se apaixonassem por Divaldo Franco, acreditando ser ele o oráculo divino destinado a melhorar toda a humanidade. Enfim, o castelo encantado do podero

Porque só agora Chico Xavier foi desmascarado?

Diz o ditado que a mentira tem pernas curtas. Esta mentira teve pernas bem longas, durando quase 90 anos. Em 1932, deu-se o início da mentira mais bem sucedida já lançada no Brasil, capaz de enganar intelectuais, laicos, ateus e muita gente séria: o mito de Chico Xavier. De fato, Xavier nunca foi médium. Não que a mediunidade não existisse, mas que o beato de Pedro Leopoldo não estava preparado para isso. Aliás, ele dava sinais claros de esquizofrenia, algo que a esquipe deste blog já aceita como fato real. Muito do comportamento de Chico Xavier se encaixa nos sintomas desta famosa doença psiquiátrica. Xavier nunca passou de um mero beato que queria um lugar para rezar. Gostava praticamente de seguir rituais católicos (da linha medieval, praticada na Minas Gerais no início do século XX) e de ler livros. Escrevia muito bem, embora tivesse pouco conhecimento sobre os fatos cotidianos, demonstrando uma cega confiança na mídia corporativa. Falava com certa dificuldade e tinh