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Filantropia de cativeiro: uma prisão "cheia de amor"

Para a opinião pública em geral, trancar pobres em uma casa e sair por aí dando palestras sobre trivialidades sem importância transforma qualquer um em "exemplo de caridade, responsabilidade social e amor ao próximo". Tudo fica mais lindo quando é colocada a capa da religião, que para multidões ainda ingenuas, é uma garantia de bondade inquestionável e caridade segura.

Mas é comprovado o fato que o tipo de caridade praticada pelas religiões - muito menos eficazes que o já precário assistencialismo praticado por ONGs - nunca conseguiu eliminar desigualdades e melhorar a humanidade. Apesar disso, a caridade religiosa continua sendo objeto de admiração, como se as mudanças do mundo dependessem da crença entusiasmada em dogmas surreais.

"Médiuns espíritas" tem sido objeto de idolatria fanática não apenas por parte de "espíritas" e espíritas. Tido como a religião mais honesta e moderna por conseguir esconder seus escândalos, o "Espiritismo" brasileiro tem dado sinais de recuperação, apesar de ter perdido muitos seguidores decepcionados pelas contradições dogmáticas. 

O respeito diante de leigos, laicos e ateus tem dado a oportunidade de recuperar através da atração de "forasteiros" interessados em conhecer esta doutrina "tão perfeita". Isso significa a possibilidade da religião recuperar seu prestígio por meio da absorção de novos membros e seguidores, que continuarão com a "missão" de deturpar o legado de Allan Kardec, transformando uma ciência espiritual em uma igreja de fé cega e dogmas tolos.

A filantropia promovida por estes "médiuns" se mantém cada vez mais admirada mesmo sem oferecer um resultado prático. Mas se está sendo feita, porque não admirá-la? Se, no Capitalismo, profissionais ruins que não oferecem resultados positivos são imediatamente dispensados, como é que filantropos ruins são mantidos no pedestal, dignos admiração popular?

Mas jogar pobres em uma casa é tão lindo, mesmo sem saber o que acontece dentro daqueles estabelecimentos. A caridade de cativeiro comove a todos. Se tem teto e comida, tudo está resolvido. Mesmo que casa e comida signifique instalações precárias e comida de gosto ruim e qualidade duvidosa. Tudo soa melhor que um mendigo perambulando livremente pela rua, podendo arrumar comida e abrigo aonde quiser, por mais difícil que seja.

Curioso perceber que filantropos religiosos, incluindo os "admiráveis médiuns espíritas", nada fazem para eliminar as desigualdades do sistema social, preferindo cortar o mal pelo caule. Ao entrar em contato com autoridades,a única coisa que "médiuns" fazem é agradecer os prêmios recebidos pelo assistencialismo praticado. Nenhuma cobrança pela mudanças nas leis para que medidas acabem com injustiças e desigualdades é feita. Nenhuma.

Mesmo assim, ingênuos de todos os tipos, incluindo esquerdistas, clamam louvores incensados a "médiuns", pensando ser estes, ativistas incansáveis pelo fim das desigualdades, mesmo com a precariedade com que praticam a filantropia e com a associação com políticos e empresários gananciosos, que lutam para que as desigualdades permaneçam eternas e insolúveis, mas usam a associação com religiosos para parecerem bondosos e respeitáveis.

É triste ver pessoas que poderiam fazer alguma coisa para eliminar as raízes das injustiças ficarem cultuando "médiuns" picaretas que usam a caridade para se promover e obter benefícios. Assim, o mundo nunca muda e ricos continuam enriquecendo cada vez mais às custas dos sofrimentos dos mais pobres, sob aplausos de todos que acreditam que casas lotadas de pobres e a aceitação de dogmas sem pé nem cabeça vão mudar o mundo para melhor.

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