Pular para o conteúdo principal

"Espíritas" de esquerda e a "Mão Invisível" da Fé Cristã

Uma das coisas que menos combina com a esquerda é a religiosidade. Essa associação só faz sentido para quem acredita no infeliz estereótipo que impõe outra associação: a da religiosidade com bondade, como se fosse impossível ser altruísta sem uma crença religiosa.

Há muitos esquerdistas religiosos. Infelizmente, eles tentam, através do pensamento desejoso, reinterpretar e alterar o sentido da frase de Karl Marx, que diz que "a religião é o ópio do povo". É claro que acreditar em dogmas absurdos e seres fantásticos e hiper-poderosos é uma coisa típica de quem quer se apegar a uma fuga da realidade, por menos que ela faça sentido..

Mas a teimosia em querer manter a fé religiosa, crentes de que somos obrigados a nos sujeitar à escravidão voluntária imposta por um Gigante Invisível cuja existência até hoje não foi comprovada - embora a crença nele envolva mais de 90% da humanidade - tem gerado estragos e em nome deste falso altruísmo, muita gente tem sido prejudicada em suas necessidades mais básicas, quase sempre negligenciadas pela maioria dos religiosos.

Interessante que para defender a religiosidade, que na opinião de nossa equipe, é algo típico da direita, esquerdistas religiosos passam a pensar como neoliberais, elegendo Deus como a "Mão Invisível" que traria prosperidade aos mais carentes, que não precisam mais lutar para melhorar as suas vidas. Dá para fazer uma perfeita analogia entre a religiosidade e o pensamento neoliberal, até porque os inventores do neoliberalismo eram todos religiosos da linha cristã.

É muito fácil achar que estórias mirabolantes e divindades com a força de um super-herói vão resolver os problemas mais complexos da humanidade. A associação das esquerdas com o pensamento religioso reforça esta ilusão. Deixemos tudo de lado e vamos pedir para a "Mão invisível" da fé cristã (junto com a "Mão Invisível" do mercado - dois deuses?) resolva tudo.

Como as esquerdas, comprometidas com o intelecto e com a compreensão realista dos fatos do cotidiano resolvem aderir a algo que no fundo é o oposto disso? É necessário nos livrarmos dos estereótipos e perceber que bondade e fé são coisas diferentes e podem caminhar separadamente sem prejuízo para cada uma.

Não é preciso se entregar a ilusão da fé para termos responsabilidade social e exercermos nosso altruísmo. Quem quiser acreditar em algo, acredite, mas não tente inseri-la no mundo real. A surrealidade dos dogmas religiosos é o que menos combina com o pensamento de esquerda e com a compreensão de nosso cotidiano. 

Quando desistiremos de recorrer a bizarrices sacras, como a tal "Mão Invisível" da fé, para tentar resolver os problemas que deveriam ser resolvidos pela própria humanidade?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O plano secreto de dominação "espírita" no Brasil

Brasileiros não costumam se interessar por bastidores. O que acontece dentro do cotidiano de instituições, empresas e até mesmo na vida profissional de líderes e celebridades, não desperta nenhuma curiosidade das pessoas, que acham mais bonito imaginar que as coisas acontecem como em lendas e contos de fada, com um pouco de pieguice e muita pompa. O desinteresse pelos bastidores elegeu Bolsonaro, já que muita gente nem sabia que ele já estava na política por mais de 30 anos, invisibilizado por não ter feito nada de marcante durante sua carreira de deputado federal.  O desinteresse pelos bastidores faz acreditar que todo aquele que se assume como "artista" é poeta e cria as canções sem interferência alheia (principalmente de empresários, investidores, produtores e todo tipo de liderança por trás do show business) e sem interesses mercantis. E esse mesmo desinteresse pelos bastidores transformou o "Espiritismo" brasileiro na religião mais honesta, moderna e altruísta,

Apoio a Bolsonaro desmascara o farsante Divaldo Franco

O sábio Herculano Pires havia avisado. Mas ninguém quis ouvir. Desprovidos da capacidade de raciocinar de forma adequada, muitos fiéis do "Espiritismo", confundindo fé cega com aprendizado , elegeram o picareta Divaldo Franco como guru, fizeram crescer o mito e quando é tarde demais resolvem abandonar o barco quando ele já está fundando. Divaldo cresceu enganando a todos com pose de sábio estereotipado, utilizando uma linguagem prolixa que aos ouvidos dos menos racionais passa tranquilo por sabedoria científica. Mas quem é mais atento aos detalhes, sobretudo quem entende de semiologia, percebe logo de que se trata de um farsante a se aproveitar da ignorância alheia para se tornar influente. A carência humana por uma liderança e a incapacidade (ou falta de coragem?) de analisar o discurso fez com que muitos brasileiros se apaixonassem por Divaldo Franco, acreditando ser ele o oráculo divino destinado a melhorar toda a humanidade. Enfim, o castelo encantado do podero

Porque só agora Chico Xavier foi desmascarado?

Diz o ditado que a mentira tem pernas curtas. Esta mentira teve pernas bem longas, durando quase 90 anos. Em 1932, deu-se o início da mentira mais bem sucedida já lançada no Brasil, capaz de enganar intelectuais, laicos, ateus e muita gente séria: o mito de Chico Xavier. De fato, Xavier nunca foi médium. Não que a mediunidade não existisse, mas que o beato de Pedro Leopoldo não estava preparado para isso. Aliás, ele dava sinais claros de esquizofrenia, algo que a esquipe deste blog já aceita como fato real. Muito do comportamento de Chico Xavier se encaixa nos sintomas desta famosa doença psiquiátrica. Xavier nunca passou de um mero beato que queria um lugar para rezar. Gostava praticamente de seguir rituais católicos (da linha medieval, praticada na Minas Gerais no início do século XX) e de ler livros. Escrevia muito bem, embora tivesse pouco conhecimento sobre os fatos cotidianos, demonstrando uma cega confiança na mídia corporativa. Falava com certa dificuldade e tinh