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O perigo de se usar a ciência para legitimar dogmas irracionais

O "Espiritismo" brasileiro é uma religião que possui uma peculiaridade que a difere das outras crenças: seus dogmas são - supostamente - pré-comprovados pela ciência. Até aí tudo bem, se esquecermos que na doutrina residem muitos dogmas sem pé nem cabeça, que desafiam a lógica e vivem se contradizendo entre si, transformando o "Espiritismo" em uma verdadeira gororoba ideológica.

A associação de ideias absurdas com a ciência é um perigo, pois para quem acredita, vê legitimidade no tal absurdo porque ele supostamente foi aprovado pela ciência e colocado em prova diante da lógica e do bom senso. Será que realmente foi? Pasmem: a crença de que dogmas "espíritas" foram aprovados pela ciência é outro dogma. Dogma tão absurdo quanto o da cobra falante na Bíblia.

Este dogma de que os dogmas são todos previamente verificados pela ciência tem feito com que o "Espiritismo" se tornasse uma seita elitista, atraindo muitos detentores de diplomas - mas desprovidos de uma racionalidade corajosa - a seguir aquilo que pensam ser científico e racional.

A rotulação de "científico e racional" faz com que os dogmas se tornem aceitáveis e defensíveis. O fato de serem aceitos por pessoas de nível superior de escolaridade destrói o mito de que escolaridade é um atestado de inteligência e racionalidade. Há pouco empenho em desmontar os dogmas "espíritas", pois o estigma de "religião moderna e racional" é ainda muito forte até para não-"espíritas".

Mesmo com a fama de seita racional, o "Espiritismo"  cada vez se comprova como uma reles religião igualzinha às outras, mas que depende da ciência para comprovar seu terraplanismo. Por isso perde seguidores a cada dia, quando se tenta verificar de fato estes dogmas, tentando repetir o que supostamente cientistas haviam feito antes.

A racionalidade atribuída ao "Espiritismo" brasileiro só tem uma finalidade: servir de diferencial para atrair seguidores de um nível social superior e tentar ultrapassar as outras religiões na competição para ver quem é a verdadeira dona da verdade. Mas sem a racionalidade factual, o "Espiritismo" dá com os burros na água. Complicado defender teses sem pé nem cabeça como se fossem racionais.

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