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A ciência é um sistema aberto, muda, se adapta, corrige, evolui. Já as religiões...

Na França do final do século XIX, um cientista pedagogo decidiu criar uma doutrina que tentasse estudar a não-matéria, estados desconhecidos de matéria e a comunicação dos seres viventes em outras dimensões. Mas ao chegar no Brasil, o lado científico foi deixado de lado e utilizado apenas como "carimbo de autenticidade" para dogmas sem pé nem cabeça que surgem através da fé cega.

Apesar de insistir de forma doentia de que há fidelidade na doutrina original e que todos os dogmas são cientificamente verificados, o "Espiritismo" brasileiro nunca passou de uma religião igualzinha às outras, com mais erros do que acertos. E ainda se acha a melhor religião do mundo, (falsa) adepta da racionalidade e que pretende ser, em futuro não muito remoto, a única religião da humanidade.

O próprio Allan Kardec havia classificado o seu conjunto de descobertas como um sistema aberto, disposto a diálogos e descobertas posteriores. Mas aí os "espíritas" brasileiros entenderam tudo errado, confundiram deturpação com atualização e resultou nesta igreja doida de dogmas contraditórios, formando um sistema fechado de equivocadas ideias imutáveis. Neste sistema, nenhum dogma e nem mesmo os "médiuns" devem ser questionados, sob risco de violentos protestos de seguidores apaixonados.

Se esquece o "Espiritismo" de dogmas fechados, ainda não derrubados, de que não possui as qualidades necessárias para defini-la como ciência. O papo de "científico" é conversa fiada para atrair público e aumentar o rebanho e garantir os benefícios de uma religião cheia de membros.

Uma das grandes características da ciência é o de ser um sistema aberto. No jargão de informática, toda a ciência se encontra em modo Beta. O falso mito de que a ciência tem a obrigação de acertar sempre, comparado com as vezes em que ela erra, faz com que a ciência perca credibilidade entre os religiosos, que veem nos sistemas fechados algo mais certo e confiável. 

Sistemas abertos sempre vivem em mutação. Erram porque a realidade, ainda em processo de análise infinita, nunca cessa de oferecer meios de ser novamente analisada e re-analisada, A ciência sempre está em evolução. Estar em evolução significa estar aberto, dispostos a rever pontos e conceitos, não porque está errada, mas porque a complexidade de tudo que nos rodeia exige sempre revisão e novas formas, recursos e motivos para análise.

Já as religiões são fechadas, como dogmas mitológicos. Religiões tem que ser imutáveis porque representam supostamente as decisões de uma gigantesca divindade (Deus), sempre correta, imutável, inquestionável e por isso, parada no tempo. O Deus de hoje é o mesmo de mais de 2000 anos atrás. E isso não é uma vantagem, pelo contrário. Sinal da vocação conservadora de qualquer religião.

O "Espiritismo" brasileiro entra em explícita contradição em se apegar a ciência que de fato nunca segue. Se os "espíritas" brasileiros fossem realmente científicos, verificariam seus dogmas e mudariam. Aceitariam a existência de Deus somente mediante prova e resolveriam o contraditório dogma que faz com que um universo infinito seja controlado por um único Homem , que vive se escondendo de toda a humanidade.

Mas isso não ocorre. Apesar de alardear para todos os cantos o mito de se tratar de uma religião científica (um diferencial que serve de isca para atrair seguidores diplomados, tornando-a uma seita elitista), o "Espiritismo" possui dogmas fechados. Até agora não se empenhou em corrigir seus inúmeros erros, vários graves, dentre eles o de se opor a muitos pontos descobertos por Allan Kardec, como a existência das supostas colônias espirituais e as previsões com datas marcadas.

Seria melhor que lideranças "espíritas" optassem por uma dessas atitudes:
OPÇAO 01 - Descarta tudo que foi colocado no Brasil após a sua chegada, eliminando todos os erros cometidos pela Santíssima Trindade Bezerra-Chico-Divaldo e seus seguidores/admiradores e retoma o Espiritismo original tal e qual codificado nas obras de Allan Kardec;
OPÇÃO 02 - Ou assume que virou uma igreja, não se fala mais em Allan Kardec, considera Chico Xavier como o seu esquematizador doutrinário e segue normalmente como uma religião de fé cega e dogmas surreais.

Mas como optam pelas duas opções simultaneamente, vive-se em constantes contradições. Quando será que os "espíritas" deixarão de ser contraditórios?

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