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É preciso romper a bolha de críticas ao "Espiritismo" brasileiro

Apesar de deturpada, com dogmas contraditórios, infidelidade total a Allan Kardec e com suspeitas de superfaturamento em muitas obras sociais, o que os brasileiros conhecem como "Espiritismo" é uma religião super blindada e possui um respeito diante da opinião pública que vai além de seus seguidores, conquistando leigos, laicos e até ateus. É conhecida formalmente como a "religião da caridade".

Mas na sociedade em que apensa os neo-pentecostais são criticados e mesmo os católicos, com todo o seu ouro, ainda gozam de relativo respeito, apesar de críticas pontuais, é estranho ver o "Espiritismo" brasileiro sendo totalmente protegido em sua reputação. Nem o mito do "homem que conversa com os mortos" consegue criar uma desconfiança para os que são de fora, normalmente incrédulos em outros assuntos, o que poderia render algumas críticas.

Fica a impressão de que os neo-pentecostais se ofereceram para ser saco de pancada no lugar dos "espíritas". Por mais desonestos que sejam em alguns aspectos, somos obrigados a aceitar o fato de que neo-pentecostais são honestos e fiéis a sua doutrina. Quando falam nos cultos é justamente aquilo que eles seguem, mesmo que omitam certas partes da Bíblia. 

Já os "espíritas" falam em Kardec, Kardec, Kardec, o tempo todo para depois contradizê-lo com dogmas estranhos como o das crianças índigo, das colônias espirituais, da criminalização do suicídio e pior, da medonha Teologia do Sofrimento, herança do Catolicismo medieval seguido até o fim da vida por Chico Xavier, que nem os católicos querem mais saber. Isso é desonestidade doutrinária.

A desonestidade doutrinária é velada através da naturalização das contradições. Transformado em religião, o "Espiritismo" dispensou o seu compromisso com a racionalidade (embora ainda use a ciência como isca para atrair gente supostamente intelectualizada para a seita), o que permite que contradições sejam aceitas, criando uma espécie de "ecumenismo" (uma espécie de ecletismo religioso) dentro da seita.

Esta desonestidade doutrinária fantasiada de ecumenismo não causa espanto nas pessoas, exceto para o punhado de intelectuais realmente espíritas, fiéis a Allan Kardec, que analisam os dogmas um a um, comparando com o que está escrito nos livros da codificação, encontrando inúmeros erros e se esforçando para denunciá-los. Embora sempre esbarrem nos limites de uma bolha ideológica sólida.

Está muito complicado denunciar os erros do "Espiritismo" brasileiro. Mesmo denunciados em fóruns, os vigaristas Chico Xavier e Divaldo Franco ainda gozam de um sólido respeito para muita gente, confundidos como ativistas sociais, com inúmeros seguidores se esforçando, com direito a falácias de inúmeros tipos e até lançando mão de fake news para proteger a reputação deles.

Tidos como divindades vivas e objeto de adoração supra-fanática, Chico e Divaldo estão custando a ser desmascarados. Como ainda possuem gente que os defenda, toda vez que seus nomes são citados em fóruns de debates pale internet, geram muita briga entre os missivistas, pois quem acredita nestes dois falsos profetas se recusa a aceitar a verdade de que eles são verdadeiras farsas.

A caridade atribuída a estes dois pseudo-médiuns serve de escudo protetor, mesmo tendo um resultado pífio e incapaz de acabar com as injustiças e com a situação degradante do povo. Qualquer crítica feita a atuação dogmática de qualquer um destes dois "médiuns", o papo de que "devemos respeitar estes incansáveis benfeitores", é solto automaticamente para blindá-los, mesmo das críticas mais construtivas.

Para muitos, mesmo sem oferecer resultados, os dois "médiuns" foram altruístas incansáveis, ativistas sociais. Isso causou orgasmos morais em vários esquerdistas, surpresos com o conservadorismo dos "médiuns", introdutores de dogmas conservadores na doutrina.  Ao se revelarem conservadores, esquerdistas ficaram escandalizados e tentam, de forma desesperada, dissociá-los de pensamentos de direita, apelando para teorias conspiratórias, para transformá-los em "esquerdistas".

O que faz com que a mídia progressista não se empenhe em denunciar os erros do "Espiritismo" brasileiro e seus falsos profetas, criando uma cumplicidade com a mídia corporativa que já blindava os "médiuns", forjando a caridade que nunca deu resultados significativos de transformação social, mas serve para canonizá-los definitivamente na opinião pública como "santos em vida".

Com isso, fica difícil acabar com os erros do "Espiritismo" brasileiro, destruindo a sua versão deturpada e retomando a doutrina original. Fechados em uma bolha sólida que nunca se rompe, os verdadeiro espíritas seguem isolados sem poder ser ouvidos pelas grandes massas, dando involuntariamente oportunidade para que seus falsos profetas continuem a pregar e a ser adorados por multidões. 

Enquanto esta bolha não se romper, Chico e Divaldo seguirão enganando a todos, causando inúmeros danos não somente na doutrina, mas no conceito geral de moralidade, quase sempre frouxo, preconceito e conservador. E sem a mínima virtude transformadora.

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