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Chico Xavier e Divaldo Franco, os inimigos internos do Espiritismo

Por Equipe Dossiê Espírita

A constatação trazida por este texto é chocante para muitas pessoas, devido à imagem glamourizada que Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco possuem na opinião pública. Mas a ideia de que os dois são considerados inimigos internos da Doutrina Espírita não se baseia em calúnias, mas na própria literatura espírita original.

Quem leu com muita atenção os livros doutrinários de Allan Kardec, saberá que isso é verdade. Chocante, mas é verdade. A própria recomendação do espírito Erasto em O Livro dos Médiuns, de que é preferível recusar dez verdades do que aceitar uma única mentira, condiz com isso: infelizmente, o Brasil aceitou uma única mentira, a ilusão dos "médiuns espíritas", deturpadores mas dublês de filantropos, mistificadores mas divulgadores de palavras açucaradas.

O Brasil vive ainda na infância de sua percepção da realidade, e ainda é apegado, de maneira bastante doentia, a muitas convicções. Muitos acreditam em tolices como uma ditadura supostamente resolver uma crise político-econômica ou a venda das nossas riquezas para estrangeiros irá promover o crescimento da nossa Economia.

A crença fanática (embora tida como "sem fanatismo") dos "médiuns espíritas" é também um reflexo dessa infância perceptiva, dessa absoluta falta de discernimento das pessoas. Afinal, os "médiuns" deturparam e ampliaram a deturpação do Espiritismo, e isso se torna grave em si, porque os desvios doutrinários feitos em relação à Doutrina Espírita representam a avacalhação de um trabalho solitário, árduo e oneroso. Ninguém sabe o nível da gravidade com que os "médiuns" deturparam a doutrina.

Os dois "médiuns", Chico Xavier e Divaldo Franco, personificam o misto de vendilhões do templo com os sacerdotes fariseus que Jesus reprovou em seu tempo. A aparente gratuidade de suas atividades é apenas um aparato, pois há outros meios de lucratividade que não atenuam as imagens desses religiosos. Documentários, seminários, premiações são alguns dos tesouros pomposos que os "médiuns espíritas" costumam receber, dados pelo apoio entusiasmado de ricos e poderosos.

Os "médiuns" apenas se dizem "humildes" por jogo de cena. Vivem do culto à personalidade e do estrelato e a simples fama lhes vale como uma fortuna, equiparando-os aos aristocratas, se não pela aparente posse do dinheiro, mas pela fama conquistada, a níveis hollywoodianos. E ainda recebem mordomias, como viagens em aviões de primeira classe, fazem turismo pelo planeta e recebem hospedagem em hotéis cinco estrelas, além de fazer palestras para as elites em troca de prêmios.

TRAJETÓRIA DIFÍCIL

Para quem não sabe, a trajetória do pedagogo francês Hippolyte Leon Denizard Rivail, o Allan Kardec, foi muitíssimo difícil. Apesar do reconhecimento como estudioso da Educação e professor discípulo do suíço Johann Heinrich Pestalozzi, Kardec, ao decidir estudar os fenômenos espirituais, encontrou grande repúdio da sociedade.

O pedagogo de Lyon só tinha como seu apoio estável a esposa, Amèlie Gabrielle Boudet, pois ele tinha que pagar as viagens com seu próprio dinheiro, tinha que manter sozinho a Revista Espírita e procurava explicar pacientemente suas ideias e conhecimentos, baseados em pesquisas solitárias e análises muito criteriosas.

O que os brasileiros não sabem é que os "médiuns espíritas" têm todo o conforto, os holofotes e as mordomias em suas mãos. Tanto Chico Xavier e Divaldo Franco não se tornaram humildes nem simbolizam a imagem de "gente simples" que virou pretenso consenso entre os brasileiros, mas são sustentados pelas elites que lhes financiaram viagens confortáveis, hospedagens generosas e uma blindagem midiática, jurídica e empresarial de dar inveja.

Os dois, além de desfigurarem o legado kardeciano original, inserindo nele ideias que Kardec reprovou de maneira explícita, por serem místicas e fora da lógica e do bom senso, se tornaram beneficiados de uma idolatria religiosa que envergonharia até Moisés, que veria, chocado, nos "médiuns espíritas", a idolatria que se deu ao velocino de ouro.

Não há como comparar as viagens patrocinadas de Divaldo Franco pelo mundo afora, para fazer palestras para ricos e poderosos em seminários de grande porte em hotéis cinco estrelas, com a peregrinação de Jesus de Nazaré ou as viagens de pesquisa feitas por Allan Kardec com o dinheiro do próprio bolso. E ainda assim para divulgar conceitos duplamente anti-doutrinários, tanto baseados no Cristianismo medieval (que deturpou o legado de Jesus) quanto na deturpação espírita.

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A deturpação de Chico Xavier e Divaldo Franco em relação ao Espiritismo é um processo da mais extrema gravidade. Os dois não deturparam por "acidente", "sem querer" nem por "entusiasmo demais com suas origens católicas". Os dois fizeram com plena consciência de seus atos, monitorados pela FEB, e contribuíram, com gosto, para a desfiguração doutrinária que rebaixou o Espiritismo a um sub-Catolicismo de moldes jesuítas e medievais.

Mas as pessoas aceitam tudo isso a ponto de acreditar que, assim como quem aposta nas raposas para a reconstrução do galinheiro, Chico e Divaldo iriam recuperar as bases doutrinárias originais, tese absurda que foi sustentada pela blindagem de alguns amigos pessoais de Chico, anti-roustanguistas um tanto ingênuos, que se esqueceram do ditado "amigos, amigos, negócios à parte" e pensavam que o anti-médium mineiro era "uma figura simples e imaculada".

No entanto, Chico Xavier cometeu das suas. Há indícios de que ele teria se vingado de Humberto de Campos, devido a resenhas que o "médium" não gostou e, assim que o autor maranhense morreu, o mineiro se apropriou de seu nome para inventar obras inéditas. Chico já fez julgamentos de valor perversos contra vítimas de um incêndio num circo em Niterói e atribuiu o juízo a Humberto. O "médium" também defendeu abertamente a ditadura militar, na sua pior fase.

Infelizmente, usa-se a desculpa da "caridade" - um mero Assistencialismo que se proclama ser "assistência social" - para blindar os "médiuns espíritas" e minimizar os efeitos das contestações. Só que vamos fazer uma comparação.

Uma família contrata um eletricista. Pessoa muito simpática, religiosa etc. De repente, ele faz um péssimo trabalho, arrumando mal uma fiação elétrica. Isso faz com que, num dado momento, ocorra curto circuito e a casa pegue fogo, arrasando com tudo. O eletricista é processado e ele acaba perdendo ofertas de emprego pela má repercussão de seu desastre.

E olha que, digamos, ele havia feito, neste hipotético caso, o erro sem querer. Os "médiuns espíritas" erraram de propósito e são mantidos como representantes do Espiritismo e há quem os aproveite na ilusão de tê-los em alta diante da recuperação dos postulados kardecianos originais.

ASPECTOS SOMBRIOS

O grande problema é que os "médiuns espíritas" apresentam aspectos sombrios. Sua "medinuidade", diante do vício da falta de concentração dos brasileiros, em maioria incapazes de ler um livro "difícil" e músicas de qualidade, produz resultados quase sempre fakes. Suas ideias religiosas ocorrem à revelia dos ensinamentos espíritas, além da defesa de vários dogmas e práticas que contrariam frontalmente a Ciência Espírita e sua correspondente lógica.

Chico Xavier e Divaldo Franco tiveram origem arrivista, começaram com pastiches e plágios literários e defendem posições ideológicas bastante reacionárias. Chico Xavier mostrou indícios de valores machistas, racistas e até anti-semitistas em suas obras, além de defender abertamente que os sofredores devam suportar calados suas desgraças, sem reclamar para outras pessoas. E ainda defendeu a ditadura militar.

Divaldo Franco, por sua vez, andou defendendo posturas e procedimentos que acabaram derrubando sua fama de "sábio, pacifista, humanista e altruísta" de uma só vez, através de ocorrências e atividades recentes.

Primeiro, Divaldo derrubou a imagem de "sábio" ao difundir de maneira ainda mais confusa a já ridícula tese das "crianças-índigo", além de contrariar os ensinamentos espíritas tentando determinar datas para progressos profundos na humanidade. Sem falar que não é missão de um sábio autêntico a pretensão de ter respostas prontas para tudo, o que desqualifica a série Divaldo Responde. Um sábio geralmente tem mais questões do que respostas para temas específicos.

Divaldo derrubou a imagem de "pacifista" quando acusou de terem sido "tiranos colonizadores" os refugiados do Oriente Médio, juízo de valor dado numa entrevista à imprensa portuguesa após o fim de um "congresso espírita" na França, em dezembro de 2016. Isso porque os pobres dos refugiados estavam fugindo de países em guerra, com muita dificuldade, alguns morrendo no meio do caminho, e queriam viver em paz em algum país europeu, ainda que sob condições bastante modestas.

Divaldo derrubou a imagem de "humanista", quando ofereceu o Você e a Paz para homenagear uma figura desumana como João Dória Jr. - capaz de reprimir usuários de drogas com violência policial e de mandar jogar jatos de água para acordar moradores de rua, humilhando-os e causando risco de doenças devido ao choque térmico - e o permitiu lançar oficialmente a "farinata" ou "ração humana", que nutricionistas definiram como "ofensa à dignidade humana".

Divaldo derrubou a imagem de "altruísta", quando, em recente entrevista num "congresso espírita" em Goiânia, condenou a ideologia de gênero, definindo-a como uma "imoralidade ímpar" e defendeu o juiz Sérgio Moro, chamando-o de "presidente da República de Curitiba" por "desnudar a hipocrisia", agindo ao arrepio do Direito e da Constituição Federal, e investindo em práticas truculentas como a condução coercitiva para depoimentos na Polícia Federal.

Há muitos pontos sombrios a mais dos "médiuns espíritas" que dariam grossos volumes de livros. E nem a "caridade", desculpa usada para atenuar a culpa dos "médiuns", tem o mérito que atribuem: ela nunca trouxe efeitos sociais profundos nem definitivos, e a grandeza com que se atribuem os "médiuns" e seu poder de influência na sociedade sugere que o Brasil teria atingido níveis escandinavos de qualidade de vida, se essa "caridade" realmente funcionasse.

Com base nos alertas de Herculano Pires, a "caridade espírita" é só uma desculpa para os "médiuns" fazerem o que quiserem com o Espiritismo, blindados por esse pretexto. Mas essa "caridade" é aceita sem provas consistentes de seus resultados, que, em verdade, são ínfimos, porque o Brasil nunca saiu de sua situação subdesenvolvida e miserável de maneira definitiva.

Como deturpadores do Espiritismo, os "médiuns espíritas" têm mais que ser questionados, contestados e até repudiados, como traidores dos ensinamentos originais de Kardec. São traidores do Espiritismo não porque eram espíritas autênticos, mas porque estão associados a um compromisso que disseram assumir e nunca cumpriram de maneira honesta e coerente.

Nem a caridade pode ser usada para atenuar esses erros e abafar críticas. Pelo contrário, essa caridade fajuta dos "médiuns espíritas" serve mais para promoção pessoal, e isso se torna ainda mais deplorável, porque usar a caridade para esconder outros erros é ainda mais criminoso e mostra o cinismo com que agem os deturpadores do Espiritismo, que se apoiam em qualquer desculpa ou pretexto para continuar ao mesmo tempo traindo Kardec e se autoproclamando seus herdeiros. Isso é lamentável.

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