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Nosso Lar: a perversa crueldade enrustida do "bondoso" Chico Xavier

Muitas as religiões costumam ter seus livros sagrados, espécies de manuais de moralidade que devem ser seguidos pelos fiéis sob o pretexto de se tornarem pessoas mais bondosas e supostamente responsáveis. O caráter de sagrado dado a essas obras transforma-as em verdades absolutas e inquestionáveis. Contestar estas obras é considerado pecado digno de punição.

No caso do "Espiritismo" brasileiro, quem faz o papel de "livro sagrado" é a obra Nosso Lar, de autoria supostamente atribuída a um espírito-personagem André Luiz e "psicografado" pelo suposto médium mineiro Chico Xavier, considerado sacerdote máximo da doutrina brasileira.

A opinião pública pensa que o "Espiritismo" praticado no Brasil é o mesmo da França e que Allan Kardec seria o seu "Papa" e que a "obra sagrada" seria o Evangelho Segundo o Espiritismo, uma obra de contestação crítica entendida como uma pelos brasileiros como uma reinterpretação. 

Os mais afoitos tratam este livro como uma prova de que o "Espiritismo" brasileiro seria uma religião cristã, embora vários pontos do evangelho tenham sido contestados e negados por Kardec. Mas como os "espíritas" brasileiros não são nada racionais -usam a racionalidade apenas como diferencial, sem pô-la em prática - as contradições e os delírios são aceitos com naturalidade.

Mas o fato é que a criação da FeB mudou tudo e a entrada de Chico Xavier, um católico da linha medieval, distorceu todo o repertório doutrinário, criando algo praticamente oposto ao que foi descoberto pelo pedagogo de Lyon.

Mesmo que Kardec tenha garantido que o mundo espiritual em nada se parece com o mundo material, é confortável acreditar no contrário para que as pessoas sofredoras passem a confiar em um futuro próspero, para que o sofrimento do presente, por pior que seja, lhes pareça indolor. É aí que entra o citado livro supostamente psicografado pelo beato de Uberaba.

Visitando vários fóruns de ateísmo no Facebook, temos o conhecimento de que várias religiões e seitas, cúmplices do sempre ganancioso Capitalismo, usam a ideia do Paraíso como forma de obrigar as pessoas a aceitarem seu sofrimento - somente os mais ricos merecem a prosperidade no presente - acreditando que em um futuro quase sempre remoto, se livrarão de seu sofrimento e se tornarão felizes.

Capitalista sem assumir o rótulo, Chico Xavier - considerado um progressista pelos mais alienados de seus admiradores - contribuiu muito para que a ideia da prosperidade futura que nunca se realiza pudesse estar presente também na religião considerada a "mais moderna do país", legitimando e perpetuando a ganância capitalista, esta disfarçada de "uma merecida conquista após anos de uma intensa luta de trabalho esforçado".

Se para os ricos é autorizada a prosperidade no tempo presente - em caso de ganância explícita, punível no futuro em uma justiça posta em prática apenas na morte ou em outra vida futura, ou seja, a punição dos ricos é algo que poderá nunca ocorrer - para os menos favorecidos, resta apenas o sofrimento, acompanhado de uma promessa de lucros em um futuro que de fato é totalmente incerto.

A obra Nosso Lar, o livro sagrado dos "espíritas" brasileiros, tem a função de construir este futuro e transformá-lo em certo, embora seja uma obra confirmada de ficção, possível plágio de uma obra estrangeira, a Vida além do Véu, de George Owen. Além disso, a obra de Chico Xavier conta com muitos detalhes que contradizem as obras escritas por Allan Kardec.

Trocando em miúdos, Nosso Lar, foi criado para criar uma falsa esperança para os seguidores menos afortunados do "Espiritismo", aqueles que vão a centros para "tratamentos espirituais". Para os prósperos, grande maioria de seguidores, que ficam contaminando fóruns de Espiritismo com frases tolas de seu amado beato mineiro, tido como "espírito de máxima evolução", resta apensa relaxar e gozar em sua prosperidade presente.

Para estes prósperos, o altruísmo se resuma à doação de migalhas e produtos ou obsoletos, ou rudimentares, já que a caridade não pode ser plena para "não atrapalhar a evolução espiritual dos mais humildes que precisam sofrer para alcançar a felicidade". 

Uma crueldade disfarçada de bondade que serve mais para disfarçar a ganância de uma seita seguida majoritariamente por gananciosos que desejam se livrar do rótulo e não da fartura de seus bens supérfluos, pois nada melhor que ser próspero no presente. 

Deixemos que os mais pobres se virem com as reles e escassas migalhas doadas pelos mais prósperos, esperando a imaginada felicidade futura contida apenas em um livro do "sempre bondoso" Chico Xavier, o beato medieval que sempre perdoou a ganância dos mais prósperos, estes os seus mais fiéis seguidores. 

Quer crueldade pior que esta, a de aprisionar os menos afortunados em um sofrimento no tempo presente em troca de uma prosperidade que nunca chega? Cremos que não.

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